RESUMO
O
presente artigo tem como objetivo colocar em pauta dois aspectos que atualmente
têm proporcionado inúmeras inquietações no ambiente escolar. As questões sobre
a inclusão de portadores de necessidades especiais de uma forma geral e o que
isso implica no dia-a-dia dos educadores no que diz respeito aos métodos
utilizados e juntamente a isso a problemática da inclusão de crianças com
necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino. E como essas
questões estão influenciando diretamente numa modificação na prática dos
professores que se encontram diante de um movimento que faz com que eles tenham
uma atitude reflexiva, repensando e redescobrindo novas formas de ensinar.
Sabe-se que o Supervisor e Orientador Escolar são servidores especializados em
manter a motivação do corpo docente, deve ser um idealista, definindo
claramente que caminhos tomar, que papéis se propõem a desempenhar, buscando
constantemente ser transformador, trabalhando em parceria, integrando a escola
e a comunidade na qual se insere. No ambiente inclusivo é percebido o potencial
de cada um, sendo respeitado o tempo de evolução dos alunos, exigindo
atividades contextualizadas que despertem o interesse e atendam as diferentes
necessidades dos alunos. A metodologia de pesquisa será por referências
bibliográficas.
Palavras-chave: Inclusão. Diversidade.
Escola. Ensino Regular. Orientador e Supervisor Escolar.
A maneira como cuidar, integrar, reconhecer,
relacionar-se com crianças e pessoas com necessidades especiais e, que se
diferenciam dos que utilizam recursos normalmente reconhecidos ou utilizados,
sempre foi um problema social e institucional. Essa tarefa estava, antes,
restrita à família ou a alguma pessoa que, por alguma razão assumisse esse
papel, bem como as instituições públicas especialmente dedicadas ao problema. Cada
criança é única na forma de se desenvolver. Mesmo considerando essas
individualidades, algumas evoluem de maneira diferente em relação a outras
crianças da mesma idade. Trata-se de necessidades educacionais permanentes, que
interferem na aquisição da leitura, dos conceitos lógico-matemáticos, no
desempenho social, entre outras habilidades. Fala-se, então, de crianças com
necessidades especiais ou deficiências.
Os alunos portadores de deficiência
também devem participar da vida social da escola, assim como seus demais
colegas. Quanto mais presentes estiverem esses componentes, maiores serão as
chances de que a escola incluirá crianças e jovens. Durante este processo fica
evidente as concepções educacionais da escola, onde a supervisão e orientação
atuam no sentido de auxiliar o processo educativo visando a aprendizagem do
aluno.
Ao se falar em inclusão social devemos começar a
pensar no assunto em âmbito escolar, que é o primeiro acesso do indivíduo com a
comunidade em geral. Os portadores de necessidades especiais possuem direitos e
obrigações igual a qualquer outro indivíduo, e deve-se acima de tudo fazer
valer isto no cotidiano. Assim, quais as ferramentas mais adequadas a serem
utilizadas para incluir os portadores de necessidades especiais no ensino
regular?
Segundo Carvalho,(1998) a mudança de
paradigma para a escola inclusiva, que deve atender a todo o aluno,
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
linguísticas e outras, tem causado muita polêmica. Essa polêmica se intensifica
diante do argumento de que a presença de crianças com necessidades especiais
nas turmas regulares beneficia a todos os demais, pois tais crianças incluídas
poderão provocar, em seus professores, mudanças metodológicas e organizativas
da sala de aula e enriquecer o ambiente de aprendizagem. Segue a autora dizendo
que “a reação dos educadores à inclusão de educandos com necessidades especiais
é variada: alguns reagem com temor; outros, com tolerância e outros, ainda, com
rejeição.” (CARVALHO, 1998, p. 44-45)
Os que temem afirmam sentirem-se despreparados para
lidar com dificuldades de aprendizagem, principalmente quando devidas a alguma
deficiência. Muito impregnados pelo modelo médico, sugerem a ação de
especialistas, supostamente os mais indicados para atender os alunos ‘com
deficiência’.
Os que toleram, em geral, cumprem ordens superiores
e transformam a presença do aluno com deficiência em algo penoso, ‘impossível’
de resolver e o acabam deixando entregue à própria sorte, talvez mais segregado
e excluído na turma do ensino regular do que se estivesse em classes ou escolas
especiais.
O presente trabalho se justifica pela importância
de assegurar o direito dos portadores de necessidades especiais frequentarem os
bancos escolares do ensino regular. Não é difícil encontrar situações de
exclusão que contam com a aprovação de profissionais do Direito, mesmo após
valerem-se dos critérios apontados pela doutrina para a aplicação do principio
da igualdade, que se baseiam fundamentalmente, na análise da razoabilidade ou
não de determinado tratamento diferenciado, cabendo assim tanto o supervisor
como o orientador educacional fazer cumprir está determinação com qualidade e
eficácia.
E terá como objetivo geral reconhecer o direito dos
portadores de necessidades especiais de frequentarem o ensino regular e de
terem suas limitações respeitadas, enfatizando o papel do orientador e
supervisor escolar neste processo, e como objetivos especificos: identificar os
tipos de deficiências; reconhecer na legislação os direitos dos portadores de
necessidades especiais frequentarem escolas regulares; classificar métodos que
podem auxiliar na inclusão do portador de necessidades especiais no ambiente
escolar; enfatizar a função o orientador e do supervisor escolar neste processo
inclusivo. desenvolver técnicas que auxiliem na integração do portador de
necessidade com outros colegas.
O presente trabalho terá como metodologia a revisão
bibliográfica tradicional, buscando-se, a partir de livros, cartilhas e dados
fornecidos pelos órgãos ligados a educação fazer uma pesquisa sobre a inclusão
social dos portadores de necessidades especial nas escolas de ensino regular,
ressaltando os pontos positivos da atuação adequada e eficiente do professor.
A investigação levará em conta os aspectos de sua
natureza básica; do ponto de vista da forma de abordagem será
quantitativo-qualitativa; em decorrência destes aspectos será importante
compreender a concepção da pesquisa sobre os objetivos traçados no que tange a
importância e os temas que envolve a inclusão, o ambiente escolar e seu reflexo
na sociedade.
2 A
FUNÇÃO DO ORIENTADOR E SUPERVISOR ESCOLAR NA INCLUSÃO DOS PORTADORES DE
NECESSIDADES ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR
A educação especial está sendo um tema muito
comentado nas escolas, pois com a sua evolução muitos professores não sabem
como agir, ou tem medo de
estar
prejudicando os seus alunos, deixando seus alunos especiais sem assistência,
sem limites e menosprezando sua capacidade.
As portas do novo século se abriram para a
Inclusão. Educação para todos é o que fundamenta as diretrizes para efetivar a
universalização do acesso á educação. Neste contexto, a diversificação nas
salas de aula é inevitável e consequentemente, forma de gestão apropriada assim
como profissionais capacitados para atenderem essa demanda, são fundamentais.
O Orientador Educacional, diante desta nova
abrangência escolar, necessitou de adaptações, já que sua função é estar
conectado de forma estreita com as atitudes, ações e desenvolvimento integral
de todo o corpo discente escolar. Nos paradigmas tradicionais a Orientação
Educacional tinha o papel de ajustar o aluno à escola, à família e à sociedade,
considerando para isso um modelo de homem, de sociedade, de escola e de
Orientação.
No sistema pedagógico atual o supervisor tem o
papel de consultar os contextos, identificar as mudanças no desenvolvimento do
aluno através de atividades e de estímulos. Por fim, cabe ao orientador escolar
fazer parte da realidade social do aluno, de suas contradições e de seus
conflitos, para realizar, desta forma, uma mediação entre o aluno e a
sociedade.
Cada criança é única na forma de se desenvolver.
Mesmo considerando essas individualidades, algumas evoluem de maneira diferente
em relação a outras crianças da mesma idade. Trata-se de necessidades
educacionais permanentes, que interferem na aquisição da leitura, dos conceitos
lógico-matemáticos, no desempenho social, entre outras habilidades. Fala-se,
então, de crianças com necessidades especiais ou deficiências.
Como tudo passa por uma evolução histórica, o
conceito de deficiência acompanha a conquista dos direitos humanos. Um reflexo
de transformações no campo científico, teológico, econômico, político e
jurídico influenciando os diferentes tratamentos dados às pessoas com
deficiências, também hoje denominadas pessoas com necessidades educacionais
especiais - PNEE. Em cada geração equivale dizer que o conceito de deficiência
passa por transformações decorrentes das concepções presentes na sociedade.
Diversas terminologias foram adotadas no decorrer
da história, com o intuito de identificar as pessoas portadoras de necessidades
especiais, consideradas “diferentes” aos olhos da sociedade.
É sabido que, nas sociedades primitivas, o ser
humano dependia da natureza, e onde estava presente o nomadismo, as pessoas que
não fossem capazes de garantir sua sobrevivência, por condições físicas ou
mentais, eram abandonadas. Semelhante a muitos animais.
Segundo Pessoti (1984, p. 28) pouco se pode afirmar
com base documental sobre as atitudes relativas à deficiência na antiguidade
clássica.
Em Esparta, crianças com deficiência eram
consideradas sub-humanas, tornando-se legítimo sua eliminação ou abandono. Isso
ocorria porque as características de pessoas com deficiência não eram condizentes
com os ideais atléticos e clássicos que serviam de base à organização
sociocultural de Esparta e da Grécia. Se ao nascimento a criança apresentasse
características não condizentes com o ideal, era logo eliminada. A eliminação
dava-se porque a criança não se encaixava no leito do processo dos Espartanos.
Nesse mesmo período em Atenas o paradigma adotado
era o que contemplava a filosofia, a retórica, a argumentação. É com os
atenienses que ocorre a supremacia do trabalho intelectual.
Já os romanos eram mais tolerantes e gostavam
de exibir as pessoas com deficiências em festividades. Eram conhecidos
como “bobos da corte”.
No dizer de Pessoti (1984, p. 32), com o
cristianismo, as pessoas com necessidades especiais passam a ser consideradas
possuidoras de alma e assim beneficiados com o direito á vida, escapando do
abandono e de exposição. Passam a ser acolhidas em conventos e igrejas, obtendo
o direito á sobrevivência, possivelmente em troca de pequenos serviços á
instituição ou a pessoa benemérita que as abriga.
Na idade média a caridade e o castigo foram a
grande marca. Durante o século XIV, XV e XVI, no período da inquisição, muitos
deficientes mentais foram mortos, queimados, castrados, acusados de heresias.
No século XVI, defendem a idéia de que os portadores de deficiência mental
apresentam um problema médico atribuindo a isso como uma totalidade hereditária
ou congênita. Então o papel que o sacerdote desempenha passa a ser do médico
surgindo à crença de cura na patologia.
A França é a pioneira na instalação da escola
pública e começa daí o abandono da escola medieval, feudalista e pedagógica
tradicional. Começa-se a pensar na formação das novas gerações já com
inspiração nos discursos de igualdade e fraternidade, pensa-se a função social
da escola a fim de consolidar o projeto da sociedade capitalista, as atitudes
são norteadas por explicações de base material ou cientifica e não mais por
dogmas religiosos.
Os princípios da inclusão aplicam-se não somente
aos alunos com deficiência ou sob algum risco, mas a todos. As questões
desafiadoras enfrentadas pelos alunos e educadores nas escolas de hoje não
permitem que ninguém se isole e se concentre em uma necessidade ou em um
grupo-alvo de alunos. Além disso, uma abordagem fragmentada da modificação da
escola não satisfaz inteiramente as necessidades dos alunos: Segundo
Sapon-Shevin sobre a abordagem:
A reforma abrangente da escola
envolve dois componentes. O primeiro é uma visão firme da maneira como as
escolas poderiam ou deveriam ser. A exigência primordial é conseguir imaginar
as escolas de outra maneira – não-estratificadas pela capacidade, não apegadas
a um currículo fixo, bem equipadas, com professores inovadores e engajados, bem
apoiados. Mas o segundo componente essencial de uma ampla reforma escolar, em
oposição a uma inovação do programa ou a alguma improvisação da escola, é uma
agenda compartilhada: o entendimento de que o ajuste da escola a alguma criança
deve significar o ajuste da escola para todas as crianças. (SAPON-SHEVIN, 1995,
p. 700)
Todos os defensores da melhoria das escolas para
melhor atender às diferentes necessidades dos alunos devem unir-se e reconhecer
o princípio de que as boas escolas são boas escolas para todos os alunos e,
então, agir com base nesse princípio.
Os elementos a seguir são características que,
quando presentes em uma escola em um sistema escolar, contribuem para o sucesso
de todos os alunos, esses elementos são baseados nas ideias de Barbara E.
Buswell e Beth Schaffner, elas definem dez elementos necessários para uma
educação transformadora.
O primeiro passo é desenvolver uma filosofia comum
e um plano estratégico, onde a filosofia da escola abranja a todos sem
distinção, promovendo o bem estar de todos envolvidos neste ambiente. O segundo
passo é proporcionar uma liderança forte, o que cabe a liderança do diretor que
é a pessoa que deve reconhecer as suas responsabilidades e definir os objetivos
da escola, também de garantir a tomada de decisões, o enfrentamento de desafios
e o apoio às interações e aos processos que se compatibilizam com a filosofia
da escola. “A condução de uma escola requer uma crença pessoal de que todas as
crianças podem aprender e um compromisso de proporcionar a todas as crianças
igual acesso a um currículo básico rico e uma instrução de qualidade” (KELLY,
1992, p. 269).
O papel do orientador e supervisor escolar é
garantir que a escola eduque com sucesso todos os alunos é proporcionar meios
através dos quais os professores possam aprender novas práticas educacionais,
deve encontrar maneiras de estabelecer relações pessoais entre todos os alunos
da escola, precisa desenvolver com os professores uma concepção de disciplina,
que vigore em toda a escola, e também de ajudar a escola como um todo a
tornar-se acolhedora e manter-se como uma comunidade.
Um orientador ou supervisor escolar deve ser firme
e objetivo quando surgem os desafios, apoiando a todos os alunos. Se um diretor
não cumpre com as suas metas de inclusão todos na escola vacilarão e o ensino
inclusivo não terá êxito.
O terceiro passo é promover culturas no âmbito da
escola e da turma que acolham, apreciem e acomodem a diversidade, onde as
escolas devem proporcionar um ambiente promovedor de igualdade, respeito e
dignidade, onde todos os alunos possam desfrutar da comodidade e aprendizagem
da escola.
O quarto passo é desenvolver redes de apoio, onde
devido à variedade das necessidades dos alunos nas turmas e o número de
professores capacitados é mínimo é necessário auxiliar os professores e colegas
que receberão um aluno especial.
O quinto passo é usar processos deliberativos para
garantir a responsabilidade, o que deve ser proporcionado para que todos sigam
um planejamento comum e juntos alcancem o objetivo almejado.
O sexto passo é desenvolver uma assistência técnica
organizada e continua, onde deve conter um grupo de funcionários especializados
de dentro e fora da escola, uma biblioteca rica em materiais e acessível, um
plano de estudo abrangente e oportunidade de todos interagirem com o assunto.
O sétimo passo é manter a flexibilidade, onde todas
as atividades da escola devem ser flexíveis para que toda a comunidade tenha
acesso a escola e aos seus projetos. O oitavo passo é examinar abordagens de
ensino efetivas, onde cabe ao professor identificar as técnicas que vai
utilizar e observar se as mesmas proporcionarão um aprendizado, onde haja
interação entre os colegas e professor.
O nono passo é comemorar os sucessos e aprender com
os desafios, não se deve só comentar os erros em relação a inclusão, mas quando
haja vitórias deve-se ser comemorado e incentivado para que os professores
também troquem experiências.
O décimo e último passo é estar a par do processo
de mudança, mas não permitir que ele o paralise, o processo educacional deve
ser modificado conforme os alunos e a sociedade mudam, o professor deve
pesquisar, atualizar-se para poder proporcionar ao aluno a melhor aprendizagem
possível.
Todos os defensores da inclusão devem unir-se no
reconhecimento de que as escolas que programam práticas sólidas são boas para
todos os alunos. A presença de alunos com deficiência nas salas de aula de
ensino regular e seus sucessos ou fracassos podem servir como meta para o modo
como as crianças estão sendo educadas nessas turmas. O fator mais importante é
ter coragem para fazer o que é o certo, apesar dos desafios e das barreiras que
surgem. O resultado é um sistema educacional mais forte e mais eficiente para
todos os alunos.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN (art. 58 e seguintes), “o atendimento educacional
especializado será feito em classes, escolas, ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a
sua integração nas classes comuns do ensino regular” (art. 59, §2°). (Brasil,
2004)
A tendência atual é que o trabalho da Educação
Especial garanta a todos os alunos com deficiência o acesso à escolaridade,
removendo barreiras que impedem a frequência desses às classes comuns do Ensino
Regular. Assim sendo, a Educação Especial começa a ser entendia como modalidade
que perpassa, como complemento ou suplemento, todas as etapas e níveis de
ensino. O trabalho é constituído por um conjunto de recursos educacionais e de
estratégias de apoio colocados à disposição dos alunos com deficiência,
proporcionando-lhes diferentes alternativas de atendimento, de acordo com as
necessidades de cada um.
A educação inclusiva garante o cumprimento do
direito constitucional indisponível de qualquer criança de acesso ao Ensino
Fundamental, já que pressupõe uma organização pedagógica das escolas e práticas
de ensino que atendam às diferenças entre os alunos, sem discriminações
indevidas, beneficiando a todos com o convívio e crescimento na diversidade.
A inclusão é um desafio, que ao ser devidamente
enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da Educação
Básica e Superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer
o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que está escola aprimore
suas práticas, a fim de atender às diferenças. Esse aprimoramento é necessário,
sob pena de os alunos passarem pela experiência educacional sem tirar dela o
proveito desejável, tendo comprometido um tempo que é valioso e irreversível em
suas vidas: o momento do desenvolvimento.
A inclusão não implica no desenvolvimento de um
ensino individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais,
problemas de aprendizagem e outros relacionados ao desempenho escolar. Na visão
inclusiva, não se segregam os atendimentos escolares, seja dentro ou fora das
salas de aula, e, portanto, nenhum aluno é encaminhado a salas de reforço ou
aprende a partir de currículos adaptados. Em suma, o aluno é que deve se
adaptar ao novo conhecimento e só ele é capaz de regular o seu processo de
construção intelectual.
A transformação da escola não é, portanto, uma mera
exigência da inclusão escolar de pessoas com deficiência e/ou dificuldades de
aprendizado. Assim sendo, ela deve ser encarada como um compromisso inadiável
das escolas, que terá a inclusão como consequência.
Para Hannah Arendt (2004),
A educação é também onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso
mundo e abandoná-las a seus próprios recursos e tampouco, arrancar de suas mãos
a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós,
preparando-as em vez disso e com antecedência para a tarefa de renovar um mundo
comum.(p.247)
A maioria das escolas está longe de se tornar
inclusiva. O que existe em geral são escolas que desenvolvem projetos de
inclusão parcial, os quais não estão associados a mudanças de base nestas
instituições e continuam a atender os alunos com deficiência em espaços
escolares semi ou totalmente segregado (classes especiais, escolas especiais).
A inclusão não prevê a utilização de práticas de
ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência, mas sim recursos,
ferramentas que podem auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem. Os
alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de
qualidade, isto é, se o professor considerar as possibilidades de desenvolvimento
de cada aluno e explorar sua capacidade de aprender. Isso pode ocorrer por meio
de atividades abertas, nas quais cada aluno se envolve na medida de seus
interesses e necessidades, seja para construir uma ideia, resolver um problema
ou realizar uma tarefa. Esse é um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas
regulares tradicionais, cujo modelo é baseado na transmissão dos conhecimentos.
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige
trabalho em muitas frentes. Destacando-se as transformações que se consideram
primordiais, para que se possa transformar a escola na direção de um ensino de
qualidade e, em consequência, inclusiva.
Segundo Sá,
Uma das noções mais difundidas na
realidade brasileira é a de que a rede pública não está capacitada para receber
crianças com necessidades educacionais especiais, seja por deficiência física,
sensorial ou mental. Por isto, a educação especial tem-se mostrado como uma
espécie de limbo, para onde são encaminhados os educandos considerados ineptos
ou incapazes de aprender, espelhando as mazelas do sistema educacional. Ora,
tais educandos mostram-se ineptos do ponto de vista de que e de quem? Parecem
incapazes de aprender o quê? Por quê? para quê? Estas e outras questões
suscitam uma reflexão sobre a ação pedagógica, a problemática da função social
da escola e os mecanismos de inclusão/exclusão social. (SÁ,s/p 2014)
A deficiência tem sido concebida como condição
incapacitante e impeditiva, inspirando atos de caridade, proteção e
filantropia. O enfoque assistencial e o terapêutico, predominantes nas
tentativas de escolarização de crianças com necessidades educacionais
especiais, têm evoluído da negação ao reconhecimento do direito sob condições,
ou seja: tais alunos devem aprender em ambientes os menos restritivos
possíveis, mediante adaptações física, funcional e curricular. Nesta
perspectiva, a contemporaneidade produz o confronto entre dois eixos
paradigmáticos e emergentes: o da integração e o da inclusão escolar. No
primeiro caso, o aluno é o foco central, tendo como referência sua capacidade
ou não de adaptar-se à escola. Para isto, devem ser viabilizadas modalidades
educacionais como suporte pedagógico, indispensáveis às exigências do
desempenho escolar esperado.
O aluno deve frequentar a escola regular, se houver
um aparato de condições disponíveis, como recursos materiais e humanos,
atendimentos terapêuticos e reabilitatório. Em decorrência, poucos conseguem
permanecer na escola, interrompendo o percurso escolar ou fortalecendo um
vínculo de dependência com a Instituição especializada. (SÁ, s/p.2014)
Faz-se de supra urgência agir:
- colocando a aprendizagem como o eixo das escolas,
porque escola foi feita para fazer com que todos os alunos aprendam;
- garantindo tempo e condições para que todos
possam aprender de acordo com o perfil de cada um e reprovando a repetência;
- garantindo o atendimento educacional
especializado, preferencialmente na própria escola comum da rede regular de
ensino;
- abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo,
a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas
escolas por professores, administradores, funcionários e alunos, pois são
habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
- estimulando, tornando continuamente e valorizando
o professor, que é o responsável pela tarefa fundamental da escola – a
aprendizagem dos alunos.
Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de
que as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender,
mas no tempo e do jeito que lhe são próprios. É fundamental que o professor
nutra uma elevada expectativa pelo aluno. O sucesso da aprendizagem está em
explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais
de cada aluno. As dificuldades, deficiências e limitações precisam ser
reconhecidas, mas não devem conduzir ou restringir o processo de ensino.
3 RELAÇÃO DO SUPERVISOR
E ORIENTADOR ESCOLAR NO PROCESSO INCLUSIVO
Educar, hoje, exige mais do que nunca olhar o
sujeito/aluno de forma ampla, um ser que é que constituído de história, crenças
e valores, e por isso a escola deve ter um projeto político-pedagógico, onde
nele implícito ou explicitamente, deve ser refletido a questão da formação do
sujeito. O Orientador deve, portanto, buscar os meios necessários para que a
escola cumpra seu papel de educar, mediante ao seu projeto político-pedagógico.
O supervisor e orientador de alunos incluídos devem
seguir esses parâmetros, para que seus alunos tenham sucesso não somente na
educação, mas que possam ser independentes e que adquiram um conhecimento para
toda a sua vida, que a interação com os colegas o permita desfrutar de varias
trocas de experiência.
É necessário que o
profissional tenha claro que:
Dificilmente
as crianças são iguais; que há diferença entre os indivíduos de certo grupo e
que estas são fundamentais, pois sem essas desigualdades não seria possível
troca e, consequentemente, o alongamento das capacidades cognitivas pelo
esforço partilhado na busca de soluções comuns (GIANCATERINO, 2007, p. 57).
O adulto ocupa um papel determinante no
desenvolvimento deste processo, é ele que pode oferecer um ambiente favorável
para a aquisição da linguagem e também oferecer subsídios para que a criança construa
seu próprio vocabulário a partir de algumas estratégias do tipo: uso de frases
curtas, simplificação sintática, vocabulário simples, situação concreta e
imediata, reforçada por gesto e entonação e ao interagir com a criança, dar
tempo para ela responder.
A orientação educacional no trabalho pedagógico é
de fundamental importância para o fortalecimento do trabalho pedagógico.
Trata-se de um articulador que une as pessoas que fazem parte do processo
educativo, em torno de objetivo comum, a promoção da qualidade do ensino e do
sucesso escolar dos alunos.
Dessa forma, percebe-se a real importância e função
do Supervisor e Orientador Educacional, hoje, nas escolas. Uma vez, que o
orientador é um mediador entre professor-aluno, aluno-professor, aluno-sociedade,
sociedade-aluno. Sendo responsável por levar possibilidades de desenvolvimento
cognitivos, culturais e emocionais para o espaço escolar. São mediadores
de transformações necessárias para uma sociedade mais justa e humana que
realmente inclua a criança PNEEs.
A Educação desempenha uma função social
transformadora, visando sempre um mundo melhor. E o sonho será sempre o de
viver em uma sociedade mais justa e humana.
Sabe-se que a história não para, e hoje o que está
no papel sob forma ideológica, daqui a algum tempo dependendo das ações e
mobilizações do homem passam a fazer parte do seu dia a dia. Assim ocorre com
todas as construções, e com a Inclusão, não está sendo diferente.
Diante de tantos medos e inseguranças nos processos
de inclusão das pessoas PNEEs vê-se a necessidade dos professores
acreditarem que suas atitudes perante essa situação serão de grande influência
na constituição desses sujeitos. É visto que o trabalho em equipe e a
valorização das diferenças são fatores que impulsionam a escola para receber a
inclusão educacional.
Portanto é imprescindível um maior investimento na
formação continuada dos profissionais da educação como também mudar
atitudes frente à diferença, com a consequente necessidade de repensar o
trabalho desenvolvido nas escolas.
É importante que tenham claro que o déficit
cognitivo que esses indivíduos apresentam, devido a sua síndrome, não irá
impedir que eles se alfabetizem, porém ela acarretará uma alteração no ritmo de
suas aprendizagens. Visto que esse déficit não pode ser encarado como algo
determinante para um futuro fracasso escolar, como também, um motivo para a
descrença dos professores nas potencialidades desses sujeitos.
Por isso, os processos de alfabetização precisam
trazer significado para a criança, mostrando-lhe quão relevante é a
alfabetização na construção da sua autonomia. É de suma importância, que o
professor utilize uma metodologia adequada a realidade do contexto escolar no
qual se encontram essas crianças. É preciso instigar o aluno, motivando-o para
que ele conquiste sua autonomia no processo de apropriação da leitura e da
escrita.
Compreender e caracterizar a função supervisora e
orientadora no contexto educacional brasileiro não ocorre de forma
independente ou neutra. Essa função decorre do sistema social, econômico e
político e está relacionada a todos os determinantes que configuram a realidade
educacional inclusiva ou por eles condicionada. Assim o orientador e o
supervisor educacional devem estar atentos as politicas públicas e buscar
incluir estas crianças no contexto escolar.
O desenvolvimento da sociedade moderna representa motivos
de muita reflexão, principalmente pelo fato de que a área educacional possui
muitos problemas e que diretamente vinculam-se as demais atividades sociais
visto que são tais profissionais que irão atuar junto ao mercado de trabalho.
O papel da escola hoje é formar pessoas
fortalecidas por seu conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente
corretas, capazes de autocritica, solidárias com o mundo e capacitadas
tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização profissional e
a estes se incluem os Portadores de Necessidades Educacionais Especiais.
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder
as necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos
de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um
currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de
recursos e parceria com as comunidades, que devem ser mediados pelo supervisor
e orientador educacional. Na verdade, deveria existir uma continuidade de
serviços e apoio proporcional ao contínuo caso de necessidades especiais
encontrados dentro da escola. As crianças com necessidades educativas especiais
devem receber qualquer suporte extra, requerido para assegurar uma educação
efetiva.
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[1]Graduação em Pedagogia Administração Escolar,
Filosofia, Sociologia e Psicologia da Aprendizagem, em pós-graduanda em
Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela
FAMEPLAN- Faculdade Metropolitana do Planalto Norte. Rua Sen. Felipe Schmidt,
1355 - Canoinhas - S/C. E-mail: andrea_gdg@hotmail.com
[2] Professora
Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em
Ludopedagogia e Literatura Aplicadas a Educação Infantil e Anos Iniciais pela
FAMEPLAN- Faculdade Metropolitana do Planalto Norte.Rua Sen. Felipe Schmidt,
1355 - Canoinhas - S/C. E-mail:nilvamichelon@yahoo.com.