ADRIANA GUIDOLIN POCAI[1]
NILVA MICHELON[2]
RESUMO
Este
estudo apresenta uma pesquisa literária e relato de experiência do estágio de
Supervisão Educacional, realizado com os professores de uma escola sobre a
inserção das tecnologias digitais na educação. Enfatiza a importância do
educador como mediador de informações e do supervisor educacional na elaboração
de projetos pedagógicos e incentivo aos professores ao uso das tecnologias
digitais no cotidiano das aulas como garantia de um ensino de qualidade. Mas
para que isso aconteça é preciso formar-se. Formar-se enquanto professor,
coordenador, formador, parceiro, permitindo-se refletir, analisar e construir
conhecimento, buscando assim a articulação e interação de seus saberes para que
possa ressignificar a sua prática e levar a formação de professores adiante,
articulando-se em diferentes frentes com o objetivo de propiciar ao grupo de
professores a reflexão e a construção de conhecimento, sobre a prática
pedagógica e o uso das tecnologias a favor do currículo escolar.
Palavras chave: Tecnologias digitais.
Formação. Professor. Coordenador pedagógico.
INTRODUÇÃO
Na era pré-digital o professor era o
detentor do conteúdo e responsável pela sua transmissão aos alunos. Na era
digital ele perde essa função já que os alunos têm acesso a todo tipo de
conteúdo e informação. Neste
contexto de novas tecnologias, a escola sofre grandes desafios, pois muitas
instituições continuam com suas metodologias desatualizadas, seus conceitos,
avaliações e currículos carecendo de uma grande inovação, e os alunos,
gradativamente, estão mais desinteressados pela sala de aula.
A tecnologia aguça o interesse pelo
conhecimento dos alunos. Cabe ao professor fazer uso dela no processo de
ensino-aprendizagem.
A tecnologia digital permite que
todos estejam conectados, sem que seja necessário o uso de fios e cabos. Cada
um busca seu interesse, dentro das várias possibilidades de conexão. Nós,
professores, devemos refletir sobre as estratégias didáticas que podemos criar
ou adequar para utilizar a internet como um meio pedagógico. São alternativas
que complementam os meios tradicionais de ensino que permitem a melhor
compreensão do conteúdo pelo aluno, que acaba participando mais e se
interessando em aprender, visto que são nativos digitais ou da geração Z. Afinal,
a escola não pode ignorar o que se passa no mundo.
Um dos desafios da educação na
era digital é conseguir que, em meio a tantos estímulos e mídias digitais, os
estudantes se interessem por tópicos educacionais essenciais à sua formação,
não dispersem, aprofundem suas reflexões e adquiram pensamento crítico para
solução de problemas. Para isso, é necessário conseguir engajar os jovens
nesses tópicos [...]Fazer que os estudantes prestem atenção em algo é o início,
mas. para conseguir que eles
experimentem e interajam, é necessário engajamento. (GABRIEL, 2013, p.187)
Nos últimos anos, os professores das escolas
públicas têm se deparado com um aparato tecnológico sendo instalado e à
disposição para uso. Tem sido difícil desenvolver estratégias que usem esses
recursos para ensinar os conteúdos.
E como fazemos então?
A escola de hoje precisa propiciar
fontes de conhecimento diversificadas, e os integrantes de sua equipe
pedagógica são os principais autores e colaboradores para essa mudança, ou
seja, antes do trabalho com as novas tecnologias entrar nas salas de aula, é
necessário um conhecimento e conscientização de sua importância por parte do
supervisor educacional. Estar articulado com a globalização, as novas
tecnologias, a interdisciplinaridade, e assim construir projetos educativos
voltados para estes aspectos, é uma tarefa que vem se tornando, diariamente,
impreterível para a equipe pedagógica escolar.
O
cotidiano exige que o supervisor educacional, responda através do
desenvolvimento de ações as demandas que surgem, minimizando assim os anseios e
dificuldades vividos pelos professores em sala de aula, através de meios que
auxiliem a prática educativa. Cabe ao supervisor educacional reunir, discutir e
articular com o conjunto dos professores, possíveis alternativas, levando em
consideração a experiência dos docentes, como também contribuindo através do
exercício da reflexão com eles, no acompanhamento das ações didáticas em
coerência com o projeto pedagógico da escola.
Objetiva-se com esse trabalho,
compreender a atuação do supervisor educacional no contexto das novas
tecnologias, através de pesquisa bibliográfica e das observações mais
relevantes referentes à aplicação do estágio curricular em Supervisão
Educacional em uma escola pública do estado do Rio Grande do Sul.
O
presente artigo está organizado em três partes: 1) aborda sobre as tecnologias digitais e as possibilidades que elas trazem ao trabalho do
professor; 2) aborda as tecnologias digitais e as possibilidades que elas
trazem ao trabalho do supervisor educacional; 3) a partir da aplicação do
estágio sobre esse tema, discute-se acerca dos desafios do supervisor
educacional frente às tecnologias
digitais e as dificuldades que as escolas enfrentam diante da falta de equipamentos e
infra-estrutura e da formação dos
profissionais da educação em tecnologias digitais.
2 A ERA DIGITAL E O PAPEL DO PROFESSOR
Encontramo-nos atualmente na Era Digital,
propiciada pela Revolução Digital que vem acontecendo desde 1950, que
diferentemente de outras revoluções tecnológicas que já tenham acontecido, tem
acelerado muito o ambiente em que vivemos. Essa aceleração tem causado efeitos
profundos na sociedade e na educação, e passa a crescer num ritmo exponencial.
Mas o que realmente importa é o que fazemos com essa tecnologia e como ela pode
melhorar nossas vidas.
Toda vez que passamos por uma
revolução tecnológica, ficamos com uma sensação de encantamento. Com o tempo, o
encantamento passa, despertamos para os benefícios que essa tecnologia está nos
trazendo, suas ameaças e possibilidades. Estamos na fase de tentar entender
como usamos toda essa tecnologia para viver melhor.
Há um novo
reencantamento pelas tecnologias porque participamos de uma interação muito
mais intensa que o real e o virtual. Me comunico realmente – estou
conectado efetivamente com milhares de
computadores – e ao mesmo tempo, minha comunicação é virtual: eu permaneço
aqui, na minha casa ou escritório,
navego sem mover-me, trago dados que já estão prontos, converso com pessoas que
não conheço e que talvez nunca verei ou encontrarei de novo. (MORAN, 1995, p.
24-26)
Nesse contexto, as necessidades
educacionais têm se tornado diferente. O sistema educacional baseado no
professor e no livro já não dá mais certo, pois as tecnologias digitais
penetraram no cotidiano das pessoas, modificando as exigências e expectativas
dos jovens diante de um professor e da escola tradicional. Essa nova estrutura sociotecnológica ocorre
em toda a sociedade, mudando modelos e paradigmas, inclusive nas expectativas e
nos relacionamentos educacionais.
As tecnologias
permitem um novo encantamento na escola, ao abrir suas paredes e possibilitar
que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do
exterior, no seu próprio ritmo. O mesmo acontece com os professores. Os
trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados
instantaneamente na rede para quem quiser. Alunos e professores encontram
inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas on-line, com muitos textos, imagens
e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de
pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. O professor pode estar
mais próximo do aluno. Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar
informações complementares para determinados alunos. Pode adaptar a sua aula
para o ritmo de cada aluno. Pode procurar ajuda em outros colegas sobre
problemas que surgem, novos programas para a sua área de conhecimento. O
processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e
poder de comunicação inusitada. (MORAN, 1995, p. 24 – 26)
O problema é que muito se pensa nos
sistemas a serem disponibilizados, e pouco se investe em capacitar pessoas para
trabalharem com as mídias digitais. No
Brasil, a situação tecnológica atual nas escolas públicas e privadas, revela
diversos tipos de defasagem. Estamos em estágios diferentes, se nos compararmos
com outros países.
Um computador em
classe com projetor multimídia é um caminho necessário, embora ainda distante
em muitas escolas, para oferecer condições dignas a professores e alunos. São
poucos os cursos até agora que fazem isso, mas se torna uma realidade cada vez
mais premente se queremos educação de qualidade. O ideal seria as salas serem
confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das simples até as sofisticadas;
elas precisam ter acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet
para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando
necessário. Com o avanço das redes sem fio e o barateamento dos computadores,
as escolas estarão conectadas e as salas de aula podem tornar-se espaços de
pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de intercomunicação on-line, de
publicação, com a vantagem de combinar o melhor do presencial e do virtual no
mesmo espaço e ao mesmo tempo. (MORAN, 2013, p. 27)
Outro aspecto importante é que toda
nova tecnologia traz consigo efeitos colaterais, que não são analisados enquanto
estamos no estado de deslumbramento com as novas possibilidades que essa
tecnologia traz. Essas ferramentas
estão à nossa disposição, cabe a nós decidirmos o uso que queremos fazer delas.
Assim, novas tecnologias tanto podem ajudar como podem atrapalhar no processo
educacional. De nada adianta termos bons laboratórios de informática nas
escolas, se eles não são usados por alunos e professores com qualidade.
[...] parece que o
fator tecnologia em si não é definitivo para a educação na era digital - ele só
é diferencial positivo se contar com a participação efetiva do professor e dos
planos pedagógicos. O professor deve deixar de ser um informador para ser um
formador; caso contrário, o uso da tecnologia terá apenas aparência de
modernidade. (GABRIEL, 2013, p. 109)
O fato é que o equipamento tecnológico existe na
escola, mas não é usado porque ninguém sabe utilizá-lo ou não tem interesse em
aprender. Está comprovado que as tecnologias podem colaborar para a melhoria da
qualidade na educação. Portanto, o professor precisa fazer sua parte buscando
aprimorar a própria formação e se desvincular da condição de único detentor do
conhecimento.
Para que o professor se sinta estimulado a buscar
novos conhecimentos, é urgente e necessária uma valorização de seu papel na
sociedade para que ele tenha estímulo de encontrar nas tecnologias novas formas
de ensino.
É verdade que muitos professores não se sentem
motivados a buscar essa qualificação ou enfrentar novos desafios. São
profissionais que ficam inertes devido ao fato de que historicamente os
professores nunca tiveram o seu devido reconhecimento no processo educacional.
Salários baixos, jornadas de trabalho extremamente pesadas – muitos trabalham
os três turnos – ausência de recursos e materiais didáticos nas escolas.
No entanto, ele não deve se acomodar, ele precisa
estar consciente de que não basta apenas a capacitação inicial, pois esse
processo não terminará jamais. Ingressamos em uma área que está em constante atualização,
a cada dia surgem novidades tecnológicas e novas ferramentas de trabalho.
A Web e as
tecnologias móveis nos permitem poder estar juntos em qualquer lugar, a
qualquer hora para aprender de múltiplas formas. O papel do professor é mais
amplo do que antes, é o de ajudar o aluno a encontrar sentido entre tantas
informações, a avaliar as mais relevantes e a estabelecer vínculos para uma
comunicação rica entre todos. O professor é também um orientador de grupos que
interagem vivamente a partir de atividades, de desafios em grupos e orientador
de alunos que aprendem individualmente, em ritmos diferentes. (MORAN, 2014, p.
37-52)
Até hoje, a maioria dos professores
utiliza os recursos tecnológicos para reproduzir o modelo de aulas expositivas,
simplesmente passando as informações aos alunos. Esse modelo de aula acontece
porque os professores não recebem formação adequada para trabalharem as novas
tecnologias com crianças e jovens que vivem em uma sociedade onde tudo muda
rapidamente, ceifando seu pensamento criativo.
Torna-se cada vez
mais notório o estreitamento das relações entre a tecnologia e a educação, e o
professor que não interage com os recursos digitais e tampouco os domina pode
se encontrar em estado de analfabetismo tecnológico. A forte presença da
tecnologia na sociedade atual colocou o docente diante de novos desafios, e o
profissional se vê frente à necessidade de revitalizar sua prática pedagógica,
de modo a se adequar às exigências impostas pelos alunos da era digital. (DUCA,
2014, p.54-55)
As tecnologias digitais podem e
devem ser usadas pelos alunos ainda no processo de alfabetização, onde aprendem
a leitura e a escrita através do teclado, com todas as letras do alfabeto,
permitindo inúmeras possibilidades.
Conforme Santomauro, (2013, p.47), “ter computadores ou laptops à disposição
não é garantia de aprendizagem. Eles são basicamente utilizados para jogos e
não proporcionam outros desafios ou reflexões acerca da leitura e da escrita.”
Os recursos tecnológicos não são a salvação para o déficit em leitura e
escrita, mas essas tecnologias permitem algumas contribuições para o ensino:
tem mais acessibilidade a textos, permitem maior autonomia do aluno (correção
ortográfica) e reforçam a ideia de que professores e livros didáticos não são a
única fonte de informação.
A alfabetização tecnológica é
essencial na formação do professor, que promove o processo de
ensino-aprendizagem que deve transformar o aluno em alguém que conheça,
interaja e domine as ferramentas tecnológicas de maneira reflexiva. A
tecnologia deve ser uma ferramenta de trabalho e de comunicação entre escola,
professor, aluno e sociedade. O que vem acontecendo é que o uso do computador e
da internet está ocorrendo com mais intensidade fora dos muros da escola.
O fato é que a escola tradicional não
tem valorizado a criatividade, a maioria das atividades foca mais no
desenvolvimento das habilidades técnicas e racionais. Em contrapartida, a
criatividade tem aumentado muito na sociedade, principalmente com as
tecnologias digitais, que nos conectam a tudo, proporcionando uma gama de conexões
que estimulam a inovação e a criatividade. Quanto mais comunicação e conexão
houver entre as pessoas, mais criatividade e inovação se desenvolvem na
sociedade.
Para aprimorar a prática pedagógica
por meio de recursos tecnológicos, exige dedicação do professor, aumentando-se
as horas de trabalho e a busca por materiais inovadores, com a finalidade de
organizar e planejar aulas mais atrativas e criativas. Nesse panorama, Debald
argumenta:
[...]é possível dizer
que o uso das tecnologias em sala de aula não ocorre instantaneamente, por
vontade exclusiva do professor. Para usar adequadamente as TICs em sala de aula
torna-se necessário não só um processo de integração e domínio dos meios
tecnológicos de computação, mas também um conhecimento de como estes meios
podem ser utilizados para potencializar o processo de ensino. Este processo é
lento e gradual. (2007, p. 85)
Diante dessa nova realidade, o professor deve estar
aberto para as mudanças e assumir o papel de facilitador do processo de ensino
e de aprendizagem. Ele precisa aprender a aprender e a lidar com as rápidas
mudanças.
O professor é um
comunicador, curador de conteúdos, um mediador entre pessoas diferentes que
ajuda a que todos consigam desenvolver as competências e conhecimentos esperados,
no ritmo e da forma mais adequada para cada um. A comunicação hoje é
bidirecional e multidirecional: o professor fala com todos, todos falam com ele
e entre si e cada aluno pode falar com o outro. É uma comunicação múltipla,
diversificada, flexível, muito rica e cheia de surpresas, porque cada interação
modifica a resposta seguinte, cada contribuição. A novidade da comunicação é
que cada vez é mais misturada, blended,
parte em um mesmo espaço físico e parte em ambiente virtual. Há comunicações
que se fazem frente a frente fisicamente e outras frente a frente virtualmente;
umas em tempo real (físico ou virtual) e outras em tempos diferenciados (off-line).
(MORAN, 2014, p. 37-52)
O grande desafio do professor do
século XXI é estimular e aproximar o conteúdo ensinado, a realidade em que nos
inserimos e os alunos.
3 A ERA DIGITAL E O
PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL
Dentro da escola, a função de
supervisor educacional nem sempre é bem delimitada. Muitos acham que o
profissional que exerce o cargo é um auxiliar do diretor para as questões
burocráticas. Outros acreditam que cabe a ele resolver os problemas
disciplinares dos alunos. E o pedagógico que está na denominação do cargo quase
sempre é esquecido. Porém é essa palavra que define a tarefa do supervisor:
fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de aula para que
os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a
formação continuada dos docentes da escola.
Na
contemporaneidade, é exigido cada vez mais do professor o conhecimento das
novas tecnologias, a necessidade de trabalhar a partir dos conhecimentos
prévios dos alunos, a busca de novas metodologias para abranger o maior número
de alunos com interesse, evitando dificuldades. Entende-se que o supervisor educacional
tem papel fundamental no suporte aos professores para desencadear as possíveis
inovações necessárias à prática dos docentes.
Desse ponto
de vista, o supervisor
educacional assume um papel de fundamental importância dentro da escola, pois
ele é o responsável pela formação continuada dos professores, sendo um ponto de
referência para estes. Assim, deve buscar conhecer as possibilidades que a
utilização das tecnologias no ambiente escolar podem proporcionar de
aprendizagem aos alunos, para em seguida estimular sua equipe no uso desses
recursos no currículo escolar.
O supervisor deve inserir as novas tecnologias em
sua rotina de trabalho pedagógico para em seguida envolver o corpo docente
no processo. Entretanto, não devem acreditar que as tecnologias poderão
resolver todos os problemas de aprendizagem educacional, mas acreditar nos
recursos tecnológicos como uma ferramenta que tem potencial pedagógico na
construção do conhecimento dos alunos.
Para cumprir essa função, ele deve estar
sempre atualizado e precisa ter conhecimento dos saberes sobre os conteúdos, da
forma de ensinar cada um deles e da maneira como as crianças aprendem. É com
esse conhecimento que o coordenador pedagógico planeja os encontros de
formação.
O supervisor deve ter muita afinidade
com softwares aplicativos mais conhecidos como Word, que servirá para
produzir textos, o Excel, que pode ser usado para dados de pesquisa e com a
matemática em geral, o Power Point, que serve para realizar apresentações de
seminários, além é claro de conhecer e saber manipular a internet que hoje em
dia é a maior rede de informações do mundo. Esses conhecimentos devem ser
compartilhados com os professores para que esses possam usufruir com seus
alunos.
Só assim, os recursos didáticos mediados pela tecnologia
digital como os tablets, celulares, computadores, softwares educativos, CD-Room
interativo, animações em 3D, vídeo-documentários, lousas digitais, notebooks,
projetores multimídia, blogs, enciclopédias digitais, jornais e revistas
online, ambientes virtuais de aprendizagem, redes sociais e internet poderão
cumprir seu papel como recurso pedagógico na melhoria da qualidade da
aprendizagem educacional.
Assim, em parceria com o professor, o
supervisor pode organizar, por exemplo, atividades que tenham como finalidade
desenvolver a leitura e a escrita digital (já que se trata da integração das
novas tecnologias) ou outros conteúdos, onde os estudantes podem trabalhar
projetos de criação, redação e leitura de histórias, entre outros.
O desafio do supervisor educacional
é orientar, educar e ajudar professores e alunos a entender a linguagem dos
novos tempos, é ser capaz de agir criticamente, e compreender a diversidade
cultural nesta sociedade em constante crescimento tecnológico.
3.1
O SUPERVISOR EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO CONTINUADA EM TECNOLOGIAS DIGITAIS –
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Durante a realização do estágio como
supervisora educacional reuniram-se os professores que tinham interesse em
debater sobre o uso das tecnologias digitais e as dificuldades encontradas nas
escolas, e de aprender a utilizar na prática softwares que podem ser usados no planejamento
das aulas e que possam ser utilizados
pelos alunos em sala de aula.
Foi uma experiência inovadora, já
que nessa escola da rede municipal, e em todas as outras, o supervisor não faz
formação continuada, faz somente reunião pedagógica para tratar de assuntos
gerais e do projeto pedagógico da escola.
Durante os encontros, debatemos
textos, vídeos, e assistimos a uma palestra informativa com uma professora
especialista em tecnologias da informação e da comunicação no processo de
aprendizagem, a qual tratou sobre a importância de se utilizar estas
ferramentas a serviço do fazer pedagógico. Foram abordados ainda os assuntos como
a infraestrutura precária que das escolas, em relação aos laboratórios de
informática (poucos computadores, internet muito lenta, computadores com
defeito, sem profissional específico para o laboratório,...), a falta de
preparo dos professores para utilizar equipamentos como o datashow (há dois
aparelhos na escola), saber baixar um vídeo para utilizar nas aulas, ter um
blog como instrumento tanto pessoal como profissional, saber modificar uma
imagem, como utilizar o buscador(Google) numa pesquisa, etc.
Os professores com os quais
trabalhamos, percebem e concordam que, tanto as crianças como os adolescentes
sabem muito mais de informática do que nós, seus professores. Este é um ponto em
que os professores classificam como uma forma de competição: em casa eu uso
vários tipos de tecnologia, estou sempre conectado, e na escola é totalmente
diferente, a tecnologia praticamente não existe, o que torna as aulas muitas
vezes desinteressantes, chatas, sem motivação nenhuma.
Os professores manifestam que, com
certeza, gostariam de chegar em sala de aula com vários softwares que possam
ser mais atrativos do que somente o livro didático ou qualquer outro recurso
simples. Muitas vezes os alunos conhecem algum programa que aborde um conteúdo
de uma maneira mais dinâmica e atrativa, mas o professor muitas vezes, não
imagina-se com tal modernidade. E na maioria das vezes, não saberia usá-la,
pois não teve formação para tanto.
Há pouco investimento público no
setor de informática das escolas, me refiro às escolas municipais, que fazem
parte da rede em que trabalho, na compra de aparelhos como datashow, lousa
digital.
Computadores, datashows, lousa digital, todos
estes equipamentos estão na escola porque vieram do governo federal através de
programas destinados à educação. Aí está algo a se destacar: se não fosse por
esses programas do governo federal, provavelmente na escola onde trabalho
haveriam poucos computadores e seriam bem mais antigos que os atuais, haveria
somente o datashow que a escola conseguiu comprar, e a lousa digital só em
sonhos para o futuro.
Destaco a vontade de aprender dos
professores, de conhecer outras possibilidades, o entusiasmo em fazer
atividades diferentes, de mexer nos programas sem receio e descobrir o novo,
sabendo de sua capacidade de entrar nesse mundo de tecnologias digitais e
produzir uma aula atraente. Após a conclusão do estágio, foi notável o aumento
do uso do datashow pelos professores da escola.
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os
espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica,
profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são
dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que
se mescla, hibridiza constantemente. (MORAN, 2014, p. 37-52)
Essa formação continuada deveria ter
continuidade durante todo o ano. Há muito a ser explorado e leva tempo até
todos aprenderem. Se necessário, caso queiram explorar algo além dos
conhecimentos do supervisor, a escola poderia contratar um profissional da área
para acompanhar seus professores. É uma excelente formação continuada, que
eleva a autoestima do profissional por torná-lo pertencente a esse mundo
digital que faz parte do nosso cotidiano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo verificou-se
que as tecnologias digitais têm sido fator importante na modificação dos mais
variados setores profissionais. Na educação, os avanços foram significativos,
no que tange à prática pedagógica, constatando-se que profissionais que aplicam
técnicas pedagógicas tradicionais, apresentam grande dificuldade de aproximação
com os alunos.
Apesar das fortes pressões modernizadoras
sobre a educação, pode-se observar que as marcas da escola tradicional ainda
persistem nas salas de aula. Contudo a prática pedagógica atual vem adquirindo
novas configurações e se integrando a novas tecnologias com a finalidade de
envolver os alunos no processo de aprendizagem. Com a integração das tecnologias
digitais no âmbito educacional, o professor é instigado a inovar, a criar
estratégias, adotando estas tecnologias como suporte da prática pedagógica. Cada
vez mais a tecnologia torna-se aliada do professor em sala de aula.
Percebeu-se também
que vários são os recursos tecnológicos que podem ser utilizados na sala de
aula, mas o aparato tecnológico mais utilizado em sala de aula é, sem dúvida, o
computador, que aliado à internet, tem proporcionado um enriquecimento da
prática pedagógica, auxiliando na criação, manipulação e compartilhamento de
informações, proporcionando ao educando e ao educador uma reflexão crítica
sobre diversas situações do dia-a-dia, integrando-os a uma nova realidade.
Dentre as dificuldades enfrentadas pelo professor em
relação às tecnologias digitais em sua prática pedagógica, as principais são:
falta de capacitação continuada, ou seja, investimento para que estes
profissionais sempre atualizem seus conhecimentos; laboratórios de informática
com aparelhos desatualizados e com acesso lento a internet. Quanto ao
desenvolvimento curricular podemos dizer que ele pode ser criado pelo próprio
professor, integrando as tecnologias digitais em sua prática pedagógica, é
possível, apesar das dificuldades que o mesmo enfrenta no seu trabalho e também
da falta de domínio das mesmas por alguns educadores.
Os desafios impostos por essa nova configuração da
prática educativa são oriundos da própria história da evolução da prática
pedagógica no Brasil, onde a tendência predominante era a tradicional, que
considera o professor como transmissor do conhecimento e o aluno o receptor
passivo.
O professor muitas vezes sente-se deslocado por não ter
domínio de ferramentas tecnológicas tão bem quanto os alunos e, muitas vezes, acha que não tem capacidade ou que ficou
esquecido no tempo. Muitas vezes, existe o professor que revoga qualquer
evolução da prática pedagógica, preferindo manter técnicas, que não atraem a
atenção dos alunos, transformando a disciplina em uma obrigação. Há também
aqueles profissionais que tentam aperfeiçoar, tentam utilizar novos recursos
digitais, reformulam suas práticas, procuram estar sempre próximos dos alunos e
entendem a realidade da comunidade escolar.
Por estarem presentes em todo contexto social, as
tecnologias digitais desempenham papel fundamental na educação, tornando-se
importante recurso pedagógico e instrumento essencial no trabalho do supervisor
educacional.
O supervisor
educacional é a ponte entre os professores e a direção da escola, ele deve
estar sempre atento aos anseios dos docentes, e deve orientá-los na busca de
novas alternativas para o aprimoramento de sua prática. Enfim, cada um
desempenhando o seu papel, possibilita o desenvolvimento do educando,
preparando-o para o exercício da cidadania e para o enfrentamento dos problemas
mais desafiadores encontrados na sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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REVISTA
NOVA ESCOLA. SANTOMAURO, Beatriz. A alfabetização do nosso tempo. São Paulo: Abril, nº 264,
agosto 2013, p. 46 -51.
[1]Pós-Graduanda no curso de
Especialização em Supervisão Educacional pela
FASFI – Faculdade São Fidélis. - E-mail: adriana_gatos@yahoo.com.br
[2]Professora Especialista em
Administração e Orientação Educacional, Tecnologias da Informação e Comunicação
no Processo de Aprendizagem e Mídias na Educação, Docente e Orientadora da
FASFI – E-mail: nilvamichelon@yahoo.com.br