terça-feira, 24 de março de 2015

O PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL E O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA ESCOLA

ADRIANA GUIDOLIN POCAI[1]
NILVA MICHELON[2]

RESUMO

Este estudo apresenta uma pesquisa literária e relato de experiência do estágio de Supervisão Educacional, realizado com os professores de uma escola sobre a inserção das tecnologias digitais na educação. Enfatiza a importância do educador como mediador de informações e do supervisor educacional na elaboração de projetos pedagógicos e incentivo aos professores ao uso das tecnologias digitais no cotidiano das aulas como garantia de um ensino de qualidade. Mas para que isso aconteça é preciso formar-se. Formar-se enquanto professor, coordenador, formador, parceiro, permitindo-se refletir, analisar e construir conhecimento, buscando assim a articulação e interação de seus saberes para que possa ressignificar a sua prática e levar a formação de professores adiante, articulando-se em diferentes frentes com o objetivo de propiciar ao grupo de professores a reflexão e a construção de conhecimento, sobre a prática pedagógica e o uso das tecnologias a favor do currículo escolar.

Palavras chave: Tecnologias digitais. Formação. Professor. Coordenador pedagógico.

INTRODUÇÃO

            Na era pré-digital o professor era o detentor do conteúdo e responsável pela sua transmissão aos alunos. Na era digital ele perde essa função já que os alunos têm acesso a todo tipo de conteúdo e informação. Neste contexto de novas tecnologias, a escola sofre grandes desafios, pois muitas instituições continuam com suas metodologias desatualizadas, seus conceitos, avaliações e currículos carecendo de uma grande inovação, e os alunos, gradativamente, estão mais desinteressados pela sala de aula.
            A tecnologia aguça o interesse pelo conhecimento dos alunos. Cabe ao professor fazer uso dela no processo de ensino-aprendizagem.
            A tecnologia digital permite que todos estejam conectados, sem que seja necessário o uso de fios e cabos. Cada um busca seu interesse, dentro das várias possibilidades de conexão. Nós, professores, devemos refletir sobre as estratégias didáticas que podemos criar ou adequar para utilizar a internet como um meio pedagógico. São alternativas que complementam os meios tradicionais de ensino que permitem a melhor compreensão do conteúdo pelo aluno, que acaba participando mais e se interessando em aprender, visto que são nativos digitais ou da geração Z.   Afinal, a escola não pode ignorar o que se passa no mundo.
Um dos desafios da educação na era digital é conseguir que, em meio a tantos estímulos e mídias digitais, os estudantes se interessem por tópicos educacionais essenciais à sua formação, não dispersem, aprofundem suas reflexões e adquiram pensamento crítico para solução de problemas. Para isso, é necessário conseguir engajar os jovens nesses tópicos [...]Fazer que os estudantes prestem atenção em algo é o início, mas. para conseguir  que eles experimentem e interajam, é necessário engajamento. (GABRIEL, 2013, p.187)
            Nos últimos anos, os professores das escolas públicas têm se deparado com um aparato tecnológico sendo instalado e à disposição para uso. Tem sido difícil desenvolver estratégias que usem esses recursos para ensinar os conteúdos.
            E como fazemos então?
            A escola de hoje precisa propiciar fontes de conhecimento diversificadas, e os integrantes de sua equipe pedagógica são os principais autores e colaboradores para essa mudança, ou seja, antes do trabalho com as novas tecnologias entrar nas salas de aula, é necessário um conhecimento e conscientização de sua importância por parte do supervisor educacional. Estar articulado com a globalização, as novas tecnologias, a interdisciplinaridade, e assim construir projetos educativos voltados para estes aspectos, é uma tarefa que vem se tornando, diariamente, impreterível para a equipe pedagógica escolar.
            O cotidiano exige que o supervisor educacional, responda através do desenvolvimento de ações as demandas que surgem, minimizando assim os anseios e dificuldades vividos pelos professores em sala de aula, através de meios que auxiliem a prática educativa. Cabe ao supervisor educacional reunir, discutir e articular com o conjunto dos professores, possíveis alternativas, levando em consideração a experiência dos docentes, como também contribuindo através do exercício da reflexão com eles, no acompanhamento das ações didáticas em coerência com o projeto pedagógico da escola.
            Objetiva-se com esse trabalho, compreender a atuação do supervisor educacional no contexto das novas tecnologias, através de pesquisa bibliográfica e das observações mais relevantes referentes à aplicação do estágio curricular em Supervisão Educacional em uma escola pública do estado do Rio Grande do Sul.
            O presente artigo está organizado em três partes: 1) aborda sobre as  tecnologias digitais  e as  possibilidades que elas trazem ao trabalho do professor; 2) aborda as tecnologias digitais e as possibilidades que elas trazem ao trabalho do supervisor educacional; 3) a partir da aplicação do estágio sobre esse tema, discute-se acerca dos desafios do supervisor educacional frente às  tecnologias digitais e as dificuldades que as escolas enfrentam  diante da falta de equipamentos e infra-estrutura  e da formação dos profissionais da educação em tecnologias digitais.


2 A ERA DIGITAL E O PAPEL DO PROFESSOR

            Encontramo-nos atualmente na Era Digital, propiciada pela Revolução Digital que vem acontecendo desde 1950, que diferentemente de outras revoluções tecnológicas que já tenham acontecido, tem acelerado muito o ambiente em que vivemos. Essa aceleração tem causado efeitos profundos na sociedade e na educação, e passa a crescer num ritmo exponencial. Mas o que realmente importa é o que fazemos com essa tecnologia e como ela pode melhorar nossas vidas.
            Toda vez que passamos por uma revolução tecnológica, ficamos com uma sensação de encantamento. Com o tempo, o encantamento passa, despertamos para os benefícios que essa tecnologia está nos trazendo, suas ameaças e possibilidades. Estamos na fase de tentar entender como usamos toda essa tecnologia para viver melhor.
Há um novo reencantamento pelas tecnologias porque participamos de uma interação muito mais intensa que o real e o virtual. Me comunico realmente – estou conectado  efetivamente com milhares de computadores – e ao mesmo tempo, minha comunicação é virtual: eu permaneço aqui, na minha casa  ou escritório, navego sem mover-me, trago dados que já estão prontos, converso com pessoas que não conheço e que talvez nunca verei ou encontrarei de novo. (MORAN, 1995, p. 24-26)
            Nesse contexto, as necessidades educacionais têm se tornado diferente. O sistema educacional baseado no professor e no livro já não dá mais certo, pois as tecnologias digitais penetraram no cotidiano das pessoas, modificando as exigências e expectativas dos jovens diante de um professor e da escola tradicional.  Essa nova estrutura sociotecnológica ocorre em toda a sociedade, mudando modelos e paradigmas, inclusive nas expectativas e nos relacionamentos educacionais.
As tecnologias permitem um novo encantamento na escola, ao abrir suas paredes e possibilitar que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo. O mesmo acontece com os professores. Os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente na rede para quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas on-line, com muitos textos, imagens e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação. O professor pode estar mais próximo do aluno. Pode receber mensagens com dúvidas, pode passar informações complementares para determinados alunos. Pode adaptar a sua aula para o ritmo de cada aluno. Pode procurar ajuda em outros colegas sobre problemas que surgem, novos programas para a sua área de conhecimento. O processo de ensino-aprendizagem pode ganhar assim um dinamismo, inovação e poder de comunicação inusitada. (MORAN, 1995, p. 24 – 26)
            O problema é que muito se pensa nos sistemas a serem disponibilizados, e pouco se investe em capacitar pessoas para trabalharem com as mídias digitais.  No Brasil, a situação tecnológica atual nas escolas públicas e privadas, revela diversos tipos de defasagem. Estamos em estágios diferentes, se nos compararmos com outros países. 
Um computador em classe com projetor multimídia é um caminho necessário, embora ainda distante em muitas escolas, para oferecer condições dignas a professores e alunos. São poucos os cursos até agora que fazem isso, mas se torna uma realidade cada vez mais premente se queremos educação de qualidade. O ideal seria as salas serem confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das simples até as sofisticadas; elas precisam ter acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário. Com o avanço das redes sem fio e o barateamento dos computadores, as escolas estarão conectadas e as salas de aula podem tornar-se espaços de pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de intercomunicação on-line, de publicação, com a vantagem de combinar o melhor do presencial e do virtual no mesmo espaço e ao mesmo tempo. (MORAN, 2013, p. 27)
            Outro aspecto importante é que toda nova tecnologia traz consigo efeitos colaterais, que não são analisados enquanto estamos no estado de deslumbramento com as novas possibilidades que essa tecnologia traz.        Essas ferramentas estão à nossa disposição, cabe a nós decidirmos o uso que queremos fazer delas. Assim, novas tecnologias tanto podem ajudar como podem atrapalhar no processo educacional. De nada adianta termos bons laboratórios de informática nas escolas, se eles não são usados por alunos e professores com qualidade.
[...] parece que o fator tecnologia em si não é definitivo para a educação na era digital - ele só é diferencial positivo se contar com a participação efetiva do professor e dos planos pedagógicos. O professor deve deixar de ser um informador para ser um formador; caso contrário, o uso da tecnologia terá apenas aparência de modernidade. (GABRIEL, 2013, p. 109)
O fato é que o equipamento tecnológico existe na escola, mas não é usado porque ninguém sabe utilizá-lo ou não tem interesse em aprender. Está comprovado que as tecnologias podem colaborar para a melhoria da qualidade na educação. Portanto, o professor precisa fazer sua parte buscando aprimorar a própria formação e se desvincular da condição de único detentor do conhecimento.
Para que o professor se sinta estimulado a buscar novos conhecimentos, é urgente e necessária uma valorização de seu papel na sociedade para que ele tenha estímulo de encontrar nas tecnologias novas formas de ensino.
É verdade que muitos professores não se sentem motivados a buscar essa qualificação ou enfrentar novos desafios. São profissionais que ficam inertes devido ao fato de que historicamente os professores nunca tiveram o seu devido reconhecimento no processo educacional. Salários baixos, jornadas de trabalho extremamente pesadas – muitos trabalham os três turnos – ausência de recursos e materiais didáticos nas escolas.
No entanto, ele não deve se acomodar, ele precisa estar consciente de que não basta apenas a capacitação inicial, pois esse processo não terminará jamais. Ingressamos em uma área que está em constante atualização, a cada dia surgem novidades tecnológicas e novas ferramentas de trabalho.
A Web e as tecnologias móveis nos permitem poder estar juntos em qualquer lugar, a qualquer hora para aprender de múltiplas formas. O papel do professor é mais amplo do que antes, é o de ajudar o aluno a encontrar sentido entre tantas informações, a avaliar as mais relevantes e a estabelecer vínculos para uma comunicação rica entre todos. O professor é também um orientador de grupos que interagem vivamente a partir de atividades, de desafios em grupos e orientador de alunos que aprendem individualmente, em ritmos diferentes. (MORAN, 2014, p. 37-52)

            Até hoje, a maioria dos professores utiliza os recursos tecnológicos para reproduzir o modelo de aulas expositivas, simplesmente passando as informações aos alunos. Esse modelo de aula acontece porque os professores não recebem formação adequada para trabalharem as novas tecnologias com crianças e jovens que vivem em uma sociedade onde tudo muda rapidamente, ceifando seu pensamento criativo.
Torna-se cada vez mais notório o estreitamento das relações entre a tecnologia e a educação, e o professor que não interage com os recursos digitais e tampouco os domina pode se encontrar em estado de analfabetismo tecnológico. A forte presença da tecnologia na sociedade atual colocou o docente diante de novos desafios, e o profissional se vê frente à necessidade de revitalizar sua prática pedagógica, de modo a se adequar às exigências impostas pelos alunos da era digital. (DUCA, 2014, p.54-55)
            As tecnologias digitais podem e devem ser usadas pelos alunos ainda no processo de alfabetização, onde aprendem a leitura e a escrita através do teclado, com todas as letras do alfabeto, permitindo inúmeras possibilidades.  Conforme Santomauro, (2013, p.47), “ter computadores ou laptops à disposição não é garantia de aprendizagem. Eles são basicamente utilizados para jogos e não proporcionam outros desafios ou reflexões acerca da leitura e da escrita.” Os recursos tecnológicos não são a salvação para o déficit em leitura e escrita, mas essas tecnologias permitem algumas contribuições para o ensino: tem mais acessibilidade a textos, permitem maior autonomia do aluno (correção ortográfica) e reforçam a ideia de que professores e livros didáticos não são a única fonte de informação.
            A alfabetização tecnológica é essencial na formação do professor, que promove o processo de ensino-aprendizagem que deve transformar o aluno em alguém que conheça, interaja e domine as ferramentas tecnológicas de maneira reflexiva. A tecnologia deve ser uma ferramenta de trabalho e de comunicação entre escola, professor, aluno e sociedade. O que vem acontecendo é que o uso do computador e da internet está ocorrendo com mais intensidade fora dos muros da escola.
            O fato é que a escola tradicional não tem valorizado a criatividade, a maioria das atividades foca mais no desenvolvimento das habilidades técnicas e racionais. Em contrapartida, a criatividade tem aumentado muito na sociedade, principalmente com as tecnologias digitais, que nos conectam a tudo, proporcionando uma gama de conexões que estimulam a inovação e a criatividade. Quanto mais comunicação e conexão houver entre as pessoas, mais criatividade e inovação se desenvolvem na sociedade.
            Para aprimorar a prática pedagógica por meio de recursos tecnológicos, exige dedicação do professor, aumentando-se as horas de trabalho e a busca por materiais inovadores, com a finalidade de organizar e planejar aulas mais atrativas e criativas. Nesse panorama, Debald argumenta:
[...]é possível dizer que o uso das tecnologias em sala de aula não ocorre instantaneamente, por vontade exclusiva do professor. Para usar adequadamente as TICs em sala de aula torna-se necessário não só um processo de integração e domínio dos meios tecnológicos de computação, mas também um conhecimento de como estes meios podem ser utilizados para potencializar o processo de ensino. Este processo é lento e gradual. (2007, p. 85)
Diante dessa nova realidade, o professor deve estar aberto para as mudanças e assumir o papel de facilitador do processo de ensino e de aprendizagem. Ele precisa aprender a aprender e a lidar com as rápidas mudanças.
O professor é um comunicador, curador de conteúdos, um mediador entre pessoas diferentes que ajuda a que todos consigam desenvolver as competências e conhecimentos esperados, no ritmo e da forma mais adequada para cada um. A comunicação hoje é bidirecional e multidirecional: o professor fala com todos, todos falam com ele e entre si e cada aluno pode falar com o outro. É uma comunicação múltipla, diversificada, flexível, muito rica e cheia de surpresas, porque cada interação modifica a resposta seguinte, cada contribuição. A novidade da comunicação é que cada vez é mais misturada, blended, parte em um mesmo espaço físico e parte em ambiente virtual. Há comunicações que se fazem frente a frente fisicamente e outras frente a frente virtualmente; umas em tempo real (físico ou virtual) e outras em tempos diferenciados (off-line). (MORAN, 2014, p. 37-52)
            O grande desafio do professor do século XXI é estimular e aproximar o conteúdo ensinado, a realidade em que nos inserimos e os alunos.

           
3 A ERA DIGITAL E O PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL
         
            Dentro da escola, a função de supervisor educacional nem sempre é bem delimitada. Muitos acham que o profissional que exerce o cargo é um auxiliar do diretor para as questões burocráticas. Outros acreditam que cabe a ele resolver os problemas disciplinares dos alunos. E o pedagógico que está na denominação do cargo quase sempre é esquecido. Porém é essa palavra que define a tarefa do supervisor: fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de aula para que os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a formação continuada dos docentes da escola.
            Na contemporaneidade, é exigido cada vez mais do professor o conhecimento das novas tecnologias, a necessidade de trabalhar a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, a busca de novas metodologias para abranger o maior número de alunos com interesse, evitando dificuldades. Entende-se que o supervisor educacional tem papel fundamental no suporte aos professores para desencadear as possíveis inovações necessárias à prática dos docentes.
            Desse ponto de vista, o supervisor educacional assume um papel de fundamental importância dentro da escola, pois ele é o responsável pela formação continuada dos professores, sendo um ponto de referência para estes. Assim, deve buscar conhecer as possibilidades que a utilização das tecnologias no ambiente escolar podem proporcionar de aprendizagem aos alunos, para em seguida estimular sua equipe no uso desses recursos no currículo escolar.
O supervisor deve inserir as novas tecnologias em sua rotina de trabalho pedagógico para em seguida envolver o corpo docente no processo. Entretanto, não devem acreditar que as tecnologias poderão resolver todos os problemas de aprendizagem educacional, mas acreditar nos recursos tecnológicos como uma ferramenta que tem potencial pedagógico na construção do conhecimento dos alunos.
Para cumprir essa função, ele deve estar sempre atualizado e precisa ter conhecimento dos saberes sobre os conteúdos, da forma de ensinar cada um deles e da maneira como as crianças aprendem. É com esse conhecimento que o coordenador pedagógico planeja os encontros de formação.
O supervisor deve ter muita afinidade com  softwares aplicativos  mais conhecidos como Word, que servirá para produzir textos, o Excel, que pode ser usado para dados de pesquisa e com a matemática em geral, o Power Point, que serve para realizar apresentações de seminários, além é claro de conhecer e saber manipular a internet que hoje em dia é a maior rede de informações do mundo. Esses conhecimentos devem ser compartilhados com os professores para que esses possam usufruir com seus alunos.
Só assim, os recursos didáticos mediados pela tecnologia digital como os tablets, celulares, computadores, softwares educativos, CD-Room interativo, animações em 3D, vídeo-documentários, lousas digitais, notebooks, projetores multimídia, blogs, enciclopédias digitais, jornais e revistas online, ambientes virtuais de aprendizagem, redes sociais e internet poderão cumprir seu papel como recurso pedagógico na melhoria da qualidade da aprendizagem educacional.
             Assim, em parceria com o professor, o supervisor pode organizar, por exemplo, atividades que tenham como finalidade desenvolver a leitura e a escrita digital (já que se trata da integração das novas tecnologias) ou outros conteúdos, onde os estudantes podem trabalhar projetos de criação, redação e leitura de histórias, entre outros.
            O desafio do supervisor educacional é orientar, educar e ajudar professores e alunos a entender a linguagem dos novos tempos, é ser capaz de agir criticamente, e compreender a diversidade cultural nesta sociedade em constante crescimento tecnológico. 
3.1 O SUPERVISOR EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO CONTINUADA EM TECNOLOGIAS DIGITAIS – RELATO DE EXPERIÊNCIA

            Durante a realização do estágio como supervisora educacional reuniram-se os professores que tinham interesse em debater sobre o uso das tecnologias digitais e as dificuldades encontradas nas escolas, e de aprender a utilizar na prática  softwares que podem ser usados no planejamento das aulas  e que possam ser utilizados pelos alunos em sala de aula.
            Foi uma experiência inovadora, já que nessa escola da rede municipal, e em todas as outras, o supervisor não faz formação continuada, faz somente reunião pedagógica para tratar de assuntos gerais e do projeto pedagógico da escola.
            Durante os encontros, debatemos textos, vídeos, e assistimos a uma palestra informativa com uma professora especialista em tecnologias da informação e da comunicação no processo de aprendizagem, a qual tratou sobre a importância de se utilizar estas ferramentas a serviço do fazer pedagógico. Foram abordados ainda os assuntos como a infraestrutura precária que das escolas, em relação aos laboratórios de informática (poucos computadores, internet muito lenta, computadores com defeito, sem profissional específico para o laboratório,...), a falta de preparo dos professores para utilizar equipamentos como o datashow (há dois aparelhos na escola), saber baixar um vídeo para utilizar nas aulas, ter um blog como instrumento tanto pessoal como profissional, saber modificar uma imagem, como utilizar o buscador(Google) numa pesquisa, etc.
            Os professores com os quais trabalhamos, percebem e concordam que, tanto as crianças como os adolescentes sabem muito mais de informática do que nós, seus professores. Este é um ponto em que os professores classificam como uma forma de competição: em casa eu uso vários tipos de tecnologia, estou sempre conectado, e na escola é totalmente diferente, a tecnologia praticamente não existe, o que torna as aulas muitas vezes desinteressantes, chatas, sem motivação nenhuma.
            Os professores manifestam que, com certeza, gostariam de chegar em sala de aula com vários softwares que possam ser mais atrativos do que somente o livro didático ou qualquer outro recurso simples. Muitas vezes os alunos conhecem algum programa que aborde um conteúdo de uma maneira mais dinâmica e atrativa, mas o professor muitas vezes, não imagina-se com tal modernidade. E na maioria das vezes, não saberia usá-la, pois não teve formação para tanto.
            Há pouco investimento público no setor de informática das escolas, me refiro às escolas municipais, que fazem parte da rede em que trabalho, na compra de aparelhos como datashow, lousa digital.
             Computadores, datashows, lousa digital, todos estes equipamentos estão na escola porque vieram do governo federal através de programas destinados à educação. Aí está algo a se destacar: se não fosse por esses programas do governo federal, provavelmente na escola onde trabalho haveriam poucos computadores e seriam bem mais antigos que os atuais, haveria somente o datashow que a escola conseguiu comprar, e a lousa digital só em sonhos para o futuro.
            Destaco a vontade de aprender dos professores, de conhecer outras possibilidades, o entusiasmo em fazer atividades diferentes, de mexer nos programas sem receio e descobrir o novo, sabendo de sua capacidade de entrar nesse mundo de tecnologias digitais e produzir uma aula atraente. Após a conclusão do estágio, foi notável o aumento do uso do datashow pelos professores da escola.
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente. (MORAN, 2014, p. 37-52)
            Essa formação continuada deveria ter continuidade durante todo o ano. Há muito a ser explorado e leva tempo até todos aprenderem. Se necessário, caso queiram explorar algo além dos conhecimentos do supervisor, a escola poderia contratar um profissional da área para acompanhar seus professores. É uma excelente formação continuada, que eleva a autoestima do profissional por torná-lo pertencente a esse mundo digital que faz parte do nosso cotidiano.
           
CONSIDERAÇÕES FINAIS
           
            Através deste estudo verificou-se que as tecnologias digitais têm sido fator importante na modificação dos mais variados setores profissionais. Na educação, os avanços foram significativos, no que tange à prática pedagógica, constatando-se que profissionais que aplicam técnicas pedagógicas tradicionais, apresentam grande dificuldade de aproximação com os alunos.
             Apesar das fortes pressões modernizadoras sobre a educação, pode-se observar que as marcas da escola tradicional ainda persistem nas salas de aula. Contudo a prática pedagógica atual vem adquirindo novas configurações e se integrando a novas tecnologias com a finalidade de envolver os alunos no processo de aprendizagem. Com a integração das tecnologias digitais no âmbito educacional, o professor é instigado a inovar, a criar estratégias, adotando estas tecnologias como suporte da prática pedagógica. Cada vez mais a tecnologia torna-se aliada do professor em sala de aula.
 Percebeu-se também que vários são os recursos tecnológicos que podem ser utilizados na sala de aula, mas o aparato tecnológico mais utilizado em sala de aula é, sem dúvida, o computador, que aliado à internet, tem proporcionado um enriquecimento da prática pedagógica, auxiliando na criação, manipulação e compartilhamento de informações, proporcionando ao educando e ao educador uma reflexão crítica sobre diversas situações do dia-a-dia, integrando-os a uma nova realidade.
Dentre as dificuldades enfrentadas pelo professor em relação às tecnologias digitais em sua prática pedagógica, as principais são: falta de capacitação continuada, ou seja, investimento para que estes profissionais sempre atualizem seus conhecimentos; laboratórios de informática com aparelhos desatualizados e com acesso lento a internet. Quanto ao desenvolvimento curricular podemos dizer que ele pode ser criado pelo próprio professor, integrando as tecnologias digitais em sua prática pedagógica, é possível, apesar das dificuldades que o mesmo enfrenta no seu trabalho e também da falta de domínio das mesmas por alguns educadores.
Os desafios impostos por essa nova configuração da prática educativa são oriundos da própria história da evolução da prática pedagógica no Brasil, onde a tendência predominante era a tradicional, que considera o professor como transmissor do conhecimento e o aluno o receptor passivo.
O professor muitas vezes sente-se deslocado por não ter domínio de ferramentas tecnológicas tão bem quanto os alunos e, muitas vezes,  acha que não tem capacidade ou que ficou esquecido no tempo. Muitas vezes, existe o professor que revoga qualquer evolução da prática pedagógica, preferindo manter técnicas, que não atraem a atenção dos alunos, transformando a disciplina em uma obrigação. Há também aqueles profissionais que tentam aperfeiçoar, tentam utilizar novos recursos digitais, reformulam suas práticas, procuram estar sempre próximos dos alunos e entendem a realidade da comunidade escolar.
Por estarem presentes em todo contexto social, as tecnologias digitais desempenham papel fundamental na educação, tornando-se importante recurso pedagógico e instrumento essencial no trabalho do supervisor educacional.
 O supervisor educacional é a ponte entre os professores e a direção da escola, ele deve estar sempre atento aos anseios dos docentes, e deve orientá-los na busca de novas alternativas para o aprimoramento de sua prática. Enfim, cada um desempenhando o seu papel, possibilita o desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da cidadania e para o enfrentamento dos problemas mais desafiadores encontrados na sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEBALD, Fátima R. B. TICs e prática pedagógica universitária. Foz do Iguaçu. 2007. Disponível em: http://www.uniamerica.br/pdf/geral/f11390d4cd.pdf . Acesso em: 08 jan. 2011.
FILHO, Fernando da Silva. As Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação no Cotidiano do Coordenador Pedagógico. Fortaleza, 2013.  Acesso em 07/02/15.
GABRIEL, Martha. Educ@r – a (r)evolução digital na educação. - 1. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAN, José. Autonomia e colaboração em um mundo digital. Disponível em http://www2.eca.usp.br/moran/?p=465,  acesso em 07/02/2015. 
MORAN, José. Novas tecnologias e o reencantamento do mundo.   Publicado na Revista Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, vol. 23, n.126, setembro-outubro 1995,p.24-26. Disponível em  http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologia _eduacacao/novtec.pdf  , acesso em 07/02/2015. 
MORAN, José. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Papirus, 21ªed, 2013, p.27-29. Disponível em http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias educacao/espacos.pdf, acesso em  07/02/2015. 
REVISTA LINHA DIRETA. DUCA, Luiza. Alfabetização tecnológica e formação de professores. Minas Gerais: Rirona, nº 191, fevereiro 2014, p. 54 – 55.
REVISTA NOVA ESCOLA. SANTOMAURO, Beatriz. A alfabetização do nosso tempo. São Paulo: Abril, nº 264, agosto  2013, p. 46 -51.









[1]Pós-Graduanda no curso de Especialização em Supervisão Educacional pela FASFI – Faculdade São Fidélis. - E-mail: adriana_gatos@yahoo.com.br
[2]Professora Especialista em Administração e Orientação Educacional, Tecnologias da Informação e Comunicação no Processo de Aprendizagem e Mídias na Educação, Docente e Orientadora da FASFI – E-mail: nilvamichelon@yahoo.com.br