domingo, 31 de janeiro de 2016

A FUNÇÃO DO ORIENTADOR E SUPERVISOR ESCOLAR NA INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR

           

Andrea Guazzelli Della Giustina[1]
Nilva Michelon[2]

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo colocar em pauta dois aspectos que atualmente têm proporcionado inúmeras inquietações no ambiente escolar. As questões sobre a inclusão de portadores de necessidades especiais de uma forma geral e o que isso implica no dia-a-dia dos educadores no que diz respeito aos métodos utilizados e juntamente a isso a problemática da inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino. E como essas questões estão influenciando diretamente numa modificação na prática dos professores que se encontram diante de um movimento que faz com que eles tenham uma atitude reflexiva, repensando e redescobrindo novas formas de ensinar. Sabe-se que o Supervisor e Orientador Escolar são servidores especializados em manter a motivação do corpo docente, deve ser um idealista, definindo claramente que caminhos tomar, que papéis se propõem a desempenhar, buscando constantemente ser transformador, trabalhando em parceria, integrando a escola e a comunidade na qual se insere. No ambiente inclusivo é percebido o potencial de cada um, sendo respeitado o tempo de evolução dos alunos, exigindo atividades contextualizadas que despertem o interesse e atendam as diferentes necessidades dos alunos. A metodologia de pesquisa será por referências bibliográficas.

Palavras-chave: Inclusão. Diversidade. Escola. Ensino Regular. Orientador e Supervisor Escolar. 
          A maneira como cuidar, integrar, reconhecer, relacionar-se com crianças e pessoas com necessidades especiais e, que se diferenciam dos que utilizam recursos normalmente reconhecidos ou utilizados, sempre foi um problema social e  institucional. Essa tarefa estava, antes, restrita à família ou a alguma pessoa que, por alguma razão assumisse esse papel, bem como as instituições públicas especialmente dedicadas ao problema. Cada criança é única na forma de se desenvolver. Mesmo considerando essas individualidades, algumas evoluem de maneira diferente em relação a outras crianças da mesma idade. Trata-se de necessidades educacionais permanentes, que interferem na aquisição da leitura, dos conceitos lógico-matemáticos, no desempenho social, entre outras habilidades. Fala-se, então, de crianças com necessidades especiais ou deficiências.
Os alunos  portadores de deficiência  também devem participar da vida social da escola, assim como seus demais colegas. Quanto mais presentes estiverem esses componentes, maiores serão as chances de que a escola incluirá crianças e jovens. Durante este processo fica evidente as concepções educacionais da escola, onde a supervisão e orientação atuam no sentido de auxiliar o processo educativo visando a aprendizagem do aluno.
Ao se falar em inclusão social devemos começar a pensar no assunto em âmbito escolar, que é o primeiro acesso do indivíduo com a comunidade em geral. Os portadores de necessidades especiais possuem direitos e obrigações igual a qualquer outro indivíduo, e deve-se acima de tudo fazer valer isto no cotidiano. Assim, quais as ferramentas mais adequadas a serem utilizadas para incluir os portadores de necessidades especiais no ensino regular?
 Segundo Carvalho,(1998) a mudança de paradigma para a escola inclusiva, que deve atender a todo o aluno, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas e outras, tem causado muita polêmica. Essa polêmica se intensifica diante do argumento de que a presença de crianças com necessidades especiais nas turmas regulares beneficia a todos os demais, pois tais crianças incluídas poderão provocar, em seus professores, mudanças metodológicas e organizativas da sala de aula e enriquecer o ambiente de aprendizagem. Segue a autora dizendo que “a reação dos educadores à inclusão de educandos com necessidades especiais é variada: alguns reagem com temor; outros, com tolerância e outros, ainda, com rejeição.” (CARVALHO, 1998, p. 44-45)
Os que temem afirmam sentirem-se despreparados para lidar com dificuldades de aprendizagem, principalmente quando devidas a alguma deficiência. Muito impregnados pelo modelo médico, sugerem a ação de especialistas, supostamente os mais indicados para atender os alunos ‘com deficiência’.
Os que toleram, em geral, cumprem ordens superiores e transformam a presença do aluno com deficiência em algo penoso, ‘impossível’ de resolver e o acabam deixando entregue à própria sorte, talvez mais segregado e excluído na turma do ensino regular do que se estivesse em classes ou escolas especiais.
O presente trabalho se justifica pela importância de assegurar o direito dos portadores de necessidades especiais frequentarem os bancos escolares do ensino regular. Não é difícil encontrar situações de exclusão que contam com a aprovação de profissionais do Direito, mesmo após valerem-se dos critérios apontados pela doutrina para a aplicação do principio da igualdade, que se baseiam fundamentalmente, na análise da razoabilidade ou não de determinado tratamento diferenciado, cabendo assim tanto o supervisor como o orientador educacional fazer cumprir está determinação com qualidade e eficácia.
E terá como objetivo geral reconhecer o direito dos portadores de necessidades especiais de frequentarem o ensino regular e de terem suas limitações respeitadas, enfatizando o papel do orientador e supervisor escolar neste processo, e como objetivos especificos: identificar os tipos de deficiências; reconhecer na legislação os direitos dos portadores de necessidades especiais frequentarem escolas regulares; classificar métodos que podem auxiliar na inclusão do portador de necessidades especiais no ambiente escolar; enfatizar a função o orientador e do supervisor escolar neste processo inclusivo. desenvolver técnicas que auxiliem na integração do portador de necessidade com outros colegas.
O presente trabalho terá como metodologia a revisão bibliográfica tradicional, buscando-se, a partir de livros, cartilhas e dados fornecidos pelos órgãos ligados a educação fazer uma pesquisa sobre a inclusão social dos portadores de necessidades especial nas escolas de ensino regular, ressaltando os pontos positivos da atuação adequada e eficiente do professor.
A investigação levará em conta os aspectos de sua natureza básica; do ponto de vista da forma de abordagem será quantitativo-qualitativa; em decorrência destes aspectos será importante compreender a concepção da pesquisa sobre os objetivos traçados no que tange a importância e os temas que envolve a inclusão, o ambiente escolar e seu reflexo na sociedade.

2 A FUNÇÃO DO ORIENTADOR E SUPERVISOR ESCOLAR NA INCLUSÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR


A educação especial está sendo um tema muito comentado nas escolas, pois com a sua evolução muitos professores não sabem como agir, ou tem medo de

estar prejudicando os seus alunos, deixando seus alunos especiais sem assistência, sem limites e menosprezando sua capacidade.
As portas do novo século se abriram para a Inclusão. Educação para todos é o que fundamenta as diretrizes para efetivar a universalização do acesso á educação. Neste contexto, a diversificação nas salas de aula é inevitável e consequentemente, forma de gestão apropriada assim como profissionais capacitados para atenderem essa demanda, são fundamentais.
O Orientador Educacional, diante desta nova abrangência escolar, necessitou de adaptações, já que sua função é estar conectado de forma estreita com as atitudes, ações e desenvolvimento integral de todo o corpo discente escolar. Nos paradigmas tradicionais a Orientação Educacional tinha o papel de ajustar o aluno à escola, à família e à sociedade, considerando para isso um modelo de homem, de sociedade, de escola e de Orientação.
No sistema pedagógico atual o supervisor tem o papel de consultar os contextos, identificar as mudanças no desenvolvimento do aluno através de atividades e de estímulos. Por fim, cabe ao orientador escolar fazer parte da realidade social do aluno, de suas contradições e de seus conflitos, para realizar, desta forma, uma mediação entre o aluno e a sociedade.
Cada criança é única na forma de se desenvolver. Mesmo considerando essas individualidades, algumas evoluem de maneira diferente em relação a outras crianças da mesma idade. Trata-se de necessidades educacionais permanentes, que interferem na aquisição da leitura, dos conceitos lógico-matemáticos, no desempenho social, entre outras habilidades. Fala-se, então, de crianças com necessidades especiais ou deficiências.


Como tudo passa por uma evolução histórica, o conceito de deficiência acompanha a conquista dos direitos humanos. Um reflexo de transformações no campo científico, teológico, econômico, político e jurídico influenciando os diferentes tratamentos dados às pessoas com deficiências, também hoje denominadas pessoas com necessidades educacionais especiais - PNEE. Em cada geração equivale dizer que o conceito de deficiência passa por transformações decorrentes das concepções presentes na sociedade.
Diversas terminologias foram adotadas no decorrer da história, com o intuito de identificar as pessoas portadoras de necessidades especiais, consideradas “diferentes” aos olhos da sociedade.
É sabido que, nas sociedades primitivas, o ser humano dependia da natureza, e onde estava presente o nomadismo, as pessoas que não fossem capazes de garantir sua sobrevivência, por condições físicas ou mentais, eram abandonadas. Semelhante a muitos animais.
Segundo Pessoti (1984, p. 28) pouco se pode afirmar com base documental sobre as atitudes relativas à deficiência na antiguidade clássica.
Em Esparta, crianças com deficiência eram consideradas sub-humanas, tornando-se legítimo sua eliminação ou abandono. Isso ocorria porque as características de pessoas com deficiência não eram condizentes com os ideais atléticos e clássicos que serviam de base à organização sociocultural de Esparta e da Grécia. Se ao nascimento a criança apresentasse características não condizentes com o ideal, era logo eliminada. A eliminação dava-se porque a criança não se encaixava no leito do processo dos Espartanos.
Nesse mesmo período em Atenas o paradigma adotado era o que contemplava a filosofia, a retórica, a argumentação. É com os atenienses que ocorre a supremacia do trabalho intelectual.
 Já os romanos eram mais tolerantes e gostavam de exibir as pessoas com deficiências em festividades. Eram conhecidos como “bobos da corte”.
No dizer de Pessoti (1984, p. 32), com o cristianismo, as pessoas com necessidades especiais passam a ser consideradas possuidoras de alma e assim beneficiados com o direito á vida, escapando do abandono e de exposição. Passam a ser acolhidas em conventos e igrejas, obtendo o direito á sobrevivência, possivelmente em troca de pequenos serviços á instituição ou a pessoa benemérita que as abriga.
Na idade média a caridade e o castigo foram a grande marca. Durante o século XIV, XV e XVI, no período da inquisição, muitos deficientes mentais foram mortos, queimados, castrados, acusados de heresias. No século XVI, defendem a idéia de que os portadores de deficiência mental apresentam um problema médico atribuindo a isso como uma totalidade hereditária ou congênita. Então o papel que o sacerdote desempenha passa a ser do médico surgindo à crença de cura na patologia.
A França é a pioneira na instalação da escola pública e começa daí o abandono da escola medieval, feudalista e pedagógica tradicional. Começa-se a pensar na formação das novas gerações já com inspiração nos discursos de igualdade e fraternidade, pensa-se a função social da escola a fim de consolidar o projeto da sociedade capitalista, as atitudes são norteadas por explicações de base material ou cientifica e não mais por dogmas religiosos.


Os princípios da inclusão aplicam-se não somente aos alunos com deficiência ou sob algum risco, mas a todos. As questões desafiadoras enfrentadas pelos alunos e educadores nas escolas de hoje não permitem que ninguém se isole e se concentre em uma necessidade ou em um grupo-alvo de alunos. Além disso, uma abordagem fragmentada da modificação da escola não satisfaz inteiramente as necessidades dos alunos: Segundo Sapon-Shevin sobre a abordagem:
A reforma abrangente da escola envolve dois componentes. O primeiro é uma visão firme da maneira como as escolas poderiam ou deveriam ser. A exigência primordial é conseguir imaginar as escolas de outra maneira – não-estratificadas pela capacidade, não apegadas a um currículo fixo, bem equipadas, com professores inovadores e engajados, bem apoiados. Mas o segundo componente essencial de uma ampla reforma escolar, em oposição a uma inovação do programa ou a alguma improvisação da escola, é uma agenda compartilhada: o entendimento de que o ajuste da escola a alguma criança deve significar o ajuste da escola para todas as crianças. (SAPON-SHEVIN, 1995, p. 700)
Todos os defensores da melhoria das escolas para melhor atender às diferentes necessidades dos alunos devem unir-se e reconhecer o princípio de que as boas escolas são boas escolas para todos os alunos e, então, agir com base nesse princípio.
Os elementos a seguir são características que, quando presentes em uma escola em um sistema escolar, contribuem para o sucesso de todos os alunos, esses elementos são baseados nas ideias de Barbara E. Buswell e Beth Schaffner, elas definem dez elementos necessários para uma educação transformadora.
O primeiro passo é desenvolver uma filosofia comum e um plano estratégico, onde a filosofia da escola abranja a todos sem distinção, promovendo o bem estar de todos envolvidos neste ambiente. O segundo passo é proporcionar uma liderança forte, o que cabe a liderança do diretor que é a pessoa que deve reconhecer as suas responsabilidades e definir os objetivos da escola, também de garantir a tomada de decisões, o enfrentamento de desafios e o apoio às interações e aos processos que se compatibilizam com a filosofia da escola. “A condução de uma escola requer uma crença pessoal de que todas as crianças podem aprender e um compromisso de proporcionar a todas as crianças igual acesso a um currículo básico rico e uma instrução de qualidade” (KELLY, 1992, p. 269).
O papel do orientador e supervisor escolar é garantir que a escola eduque com sucesso todos os alunos é proporcionar meios através dos quais os professores possam aprender novas práticas educacionais, deve encontrar maneiras de estabelecer relações pessoais entre todos os alunos da escola, precisa desenvolver com os professores uma concepção de disciplina, que vigore em toda a escola, e também de ajudar a escola como um todo a tornar-se acolhedora e manter-se como uma comunidade.
Um orientador ou supervisor escolar deve ser firme e objetivo quando surgem os desafios, apoiando a todos os alunos. Se um diretor não cumpre com as suas metas de inclusão todos na escola vacilarão e o ensino inclusivo não terá êxito.
O terceiro passo é promover culturas no âmbito da escola e da turma que acolham, apreciem e acomodem a diversidade, onde as escolas devem proporcionar um ambiente promovedor de igualdade, respeito e dignidade, onde todos os alunos possam desfrutar da comodidade e aprendizagem da escola.
O quarto passo é desenvolver redes de apoio, onde devido à variedade das necessidades dos alunos nas turmas e o número de professores capacitados é mínimo é necessário auxiliar os professores e colegas que receberão um aluno especial.
O quinto passo é usar processos deliberativos para garantir a responsabilidade, o que deve ser proporcionado para que todos sigam um planejamento comum e juntos alcancem o objetivo almejado.
O sexto passo é desenvolver uma assistência técnica organizada e continua, onde deve conter um grupo de funcionários especializados de dentro e fora da escola, uma biblioteca rica em materiais e acessível, um plano de estudo abrangente e oportunidade de todos interagirem com o assunto.
O sétimo passo é manter a flexibilidade, onde todas as atividades da escola devem ser flexíveis para que toda a comunidade tenha acesso a escola e aos seus projetos. O oitavo passo é examinar abordagens de ensino efetivas, onde cabe ao professor identificar as técnicas que vai utilizar e observar se as mesmas proporcionarão um aprendizado, onde haja interação entre os colegas e professor.
O nono passo é comemorar os sucessos e aprender com os desafios, não se deve só comentar os erros em relação a inclusão, mas quando haja vitórias deve-se ser comemorado e incentivado para que os professores também troquem experiências.
O décimo e último passo é estar a par do processo de mudança, mas não permitir que ele o paralise, o processo educacional deve ser modificado conforme os alunos e a sociedade mudam, o professor deve pesquisar, atualizar-se para poder proporcionar ao aluno a melhor aprendizagem possível.
Todos os defensores da inclusão devem unir-se no reconhecimento de que as escolas que programam práticas sólidas são boas para todos os alunos. A presença de alunos com deficiência nas salas de aula de ensino regular e seus sucessos ou fracassos podem servir como meta para o modo como as crianças estão sendo educadas nessas turmas. O fator mais importante é ter coragem para fazer o que é o certo, apesar dos desafios e das barreiras que surgem. O resultado é um sistema educacional mais forte e mais eficiente para todos os alunos.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (art. 58 e seguintes), “o atendimento educacional especializado será feito em classes, escolas, ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular” (art. 59, §2°). (Brasil, 2004)
A tendência atual é que o trabalho da Educação Especial garanta a todos os alunos com deficiência o acesso à escolaridade, removendo barreiras que impedem a frequência desses às classes comuns do Ensino Regular. Assim sendo, a Educação Especial começa a ser entendia como modalidade que perpassa, como complemento ou suplemento, todas as etapas e níveis de ensino. O trabalho é constituído por um conjunto de recursos educacionais e de estratégias de apoio colocados à disposição dos alunos com deficiência, proporcionando-lhes diferentes alternativas de atendimento, de acordo com as necessidades de cada um.
A educação inclusiva garante o cumprimento do direito constitucional indisponível de qualquer criança de acesso ao Ensino Fundamental, já que pressupõe uma organização pedagógica das escolas e práticas de ensino que atendam às diferenças entre os alunos, sem discriminações indevidas, beneficiando a todos com o convívio e crescimento na diversidade.
A inclusão é um desafio, que ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da Educação Básica e Superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que está escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças. Esse aprimoramento é necessário, sob pena de os alunos passarem pela experiência educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo comprometido um tempo que é valioso e irreversível em suas vidas: o momento do desenvolvimento.
A inclusão não implica no desenvolvimento de um ensino individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais, problemas de aprendizagem e outros relacionados ao desempenho escolar. Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos escolares, seja dentro ou fora das salas de aula, e, portanto, nenhum aluno é encaminhado a salas de reforço ou aprende a partir de currículos adaptados. Em suma, o aluno é que deve se adaptar ao novo conhecimento e só ele é capaz de regular o seu processo de construção intelectual.
A transformação da escola não é, portanto, uma mera exigência da inclusão escolar de pessoas com deficiência e/ou dificuldades de aprendizado. Assim sendo, ela deve ser encarada como um compromisso inadiável das escolas, que terá a inclusão como consequência.
Para Hannah Arendt (2004),

A educação é também onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos e tampouco, arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso e com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum.(p.247)
A maioria das escolas está longe de se tornar inclusiva. O que existe em geral são escolas que desenvolvem projetos de inclusão parcial, os quais não estão associados a mudanças de base nestas instituições e continuam a atender os alunos com deficiência em espaços escolares semi ou totalmente segregado (classes especiais, escolas especiais).
A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência, mas sim recursos, ferramentas que podem auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem. Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto é, se o professor considerar as possibilidades de desenvolvimento de cada aluno e explorar sua capacidade de aprender. Isso pode ocorrer por meio de atividades abertas, nas quais cada aluno se envolve na medida de seus interesses e necessidades, seja para construir uma ideia, resolver um problema ou realizar uma tarefa. Esse é um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares tradicionais, cujo modelo é baseado na transmissão dos conhecimentos.
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas frentes. Destacando-se as transformações que se consideram primordiais, para que se possa transformar a escola na direção de um ensino de qualidade e, em consequência, inclusiva.
Segundo Sá,
Uma das noções mais difundidas na realidade brasileira é a de que a rede pública não está capacitada para receber crianças com necessidades educacionais especiais, seja por deficiência física, sensorial ou mental. Por isto, a educação especial tem-se mostrado como uma espécie de limbo, para onde são encaminhados os educandos considerados ineptos ou incapazes de aprender, espelhando as mazelas do sistema educacional. Ora, tais educandos mostram-se ineptos do ponto de vista de que e de quem? Parecem incapazes de aprender o quê? Por quê? para quê? Estas e outras questões suscitam uma reflexão sobre a ação pedagógica, a problemática da função social da escola e os mecanismos de inclusão/exclusão social. (SÁ,s/p 2014)

A deficiência tem sido concebida como condição incapacitante e impeditiva, inspirando atos de caridade, proteção e filantropia. O enfoque assistencial e o terapêutico, predominantes nas tentativas de escolarização de crianças com necessidades educacionais especiais, têm evoluído da negação ao reconhecimento do direito sob condições, ou seja: tais alunos devem aprender em ambientes os menos restritivos possíveis, mediante adaptações física, funcional e curricular. Nesta perspectiva, a contemporaneidade produz o confronto entre dois eixos paradigmáticos e emergentes: o da integração e o da inclusão escolar. No primeiro caso, o aluno é o foco central, tendo como referência sua capacidade ou não de adaptar-se à escola. Para isto, devem ser viabilizadas modalidades educacionais como suporte pedagógico, indispensáveis às exigências do desempenho escolar esperado.
O aluno deve frequentar a escola regular, se houver um aparato de condições disponíveis, como recursos materiais e humanos, atendimentos terapêuticos e reabilitatório. Em decorrência, poucos conseguem permanecer na escola, interrompendo o percurso escolar ou fortalecendo um vínculo de dependência com a Instituição especializada. (SÁ,  s/p.2014)
Faz-se de supra urgência agir:
- colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque escola foi feita para fazer com que todos os alunos aprendam;
- garantindo tempo e condições para que todos possam aprender de acordo com o perfil de cada um e reprovando a repetência;
- garantindo o atendimento educacional especializado, preferencialmente na própria escola comum da rede regular de ensino;
- abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas por professores, administradores, funcionários e alunos, pois são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
- estimulando, tornando continuamente e valorizando o professor, que é o responsável pela tarefa fundamental da escola – a aprendizagem dos alunos.
Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de que as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios. É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa pelo aluno. O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades, deficiências e limitações precisam ser reconhecidas, mas não devem conduzir ou restringir o processo de ensino.
3 RELAÇÃO DO SUPERVISOR E ORIENTADOR ESCOLAR NO PROCESSO INCLUSIVO

Educar, hoje, exige mais do que nunca olhar o sujeito/aluno de forma ampla, um ser que é que constituído de história, crenças e valores, e por isso a escola deve ter um projeto político-pedagógico, onde nele implícito ou explicitamente, deve ser refletido a questão da formação do sujeito. O Orientador deve, portanto, buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu papel de educar, mediante ao seu projeto político-pedagógico.
O supervisor e orientador de alunos incluídos devem seguir esses parâmetros, para que seus alunos tenham sucesso não somente na educação, mas que possam ser independentes e que adquiram um conhecimento para toda a sua vida, que a interação com os colegas o permita desfrutar de varias trocas de experiência.
É necessário que o profissional tenha claro que:
Dificilmente as crianças são iguais; que há diferença entre os indivíduos de certo grupo e que estas são fundamentais, pois sem essas desigualdades não seria possível troca e, consequentemente, o alongamento das capacidades cognitivas pelo esforço partilhado na busca de soluções comuns (GIANCATERINO, 2007, p. 57).
O adulto ocupa um papel determinante no desenvolvimento deste processo, é ele que pode oferecer um ambiente favorável para a aquisição da linguagem e também oferecer subsídios para que a criança construa seu próprio vocabulário a partir de algumas estratégias do tipo: uso de frases curtas, simplificação sintática, vocabulário simples, situação concreta e imediata, reforçada por gesto e entonação e ao interagir com a criança, dar tempo para ela responder.
A orientação educacional no trabalho pedagógico é de fundamental importância para o fortalecimento do trabalho pedagógico. Trata-se de um articulador que une as pessoas que fazem parte do processo educativo, em torno de objetivo comum, a promoção da qualidade do ensino e do sucesso escolar dos alunos.
Dessa forma, percebe-se a real importância e função do Supervisor e Orientador Educacional, hoje, nas escolas. Uma vez, que o orientador é um mediador entre professor-aluno, aluno-professor, aluno-sociedade, sociedade-aluno. Sendo responsável por levar possibilidades de desenvolvimento cognitivos, culturais e emocionais para o espaço escolar. São mediadores  de transformações necessárias para uma sociedade mais justa e humana que realmente inclua a criança PNEEs.


A Educação desempenha uma função social transformadora, visando sempre um mundo melhor. E o sonho será sempre o de viver em uma sociedade mais justa e humana.
Sabe-se que a história não para, e hoje o que está no papel sob forma ideológica, daqui a algum tempo dependendo das ações e mobilizações do homem passam a fazer parte do seu dia a dia. Assim ocorre com todas as construções, e com a Inclusão, não está sendo diferente.
Diante de tantos medos e inseguranças nos processos de inclusão das pessoas PNEEs  vê-se a necessidade dos professores acreditarem que suas atitudes perante essa situação serão de grande influência na constituição desses sujeitos. É visto que o trabalho em equipe e a valorização das diferenças são fatores que impulsionam a escola para receber a inclusão educacional.
Portanto é imprescindível um maior investimento na formação continuada dos profissionais da educação como também mudar  atitudes frente à diferença, com a consequente necessidade de repensar o trabalho desenvolvido nas escolas.
É importante que tenham claro que o déficit cognitivo que esses indivíduos apresentam, devido a sua síndrome, não irá impedir que eles se alfabetizem, porém ela acarretará uma alteração no ritmo de suas aprendizagens. Visto que esse déficit não pode ser encarado como algo determinante para um futuro fracasso escolar, como também, um motivo para a descrença dos professores nas potencialidades desses sujeitos.
Por isso, os processos de alfabetização precisam trazer significado para a criança, mostrando-lhe quão relevante é a alfabetização na construção da sua autonomia. É de suma importância, que o professor utilize uma metodologia adequada a realidade do contexto escolar no qual se encontram essas crianças. É preciso instigar o aluno, motivando-o para que ele conquiste sua autonomia no processo de apropriação da leitura e da escrita.
Compreender e caracterizar a função supervisora e orientadora  no contexto educacional brasileiro não ocorre de forma independente ou neutra. Essa função decorre do sistema social, econômico e político e está relacionada a todos os determinantes que configuram a realidade educacional inclusiva ou por eles condicionada. Assim o orientador e o supervisor educacional devem estar atentos as politicas públicas e buscar incluir estas crianças no contexto escolar.
O desenvolvimento da sociedade moderna representa motivos de muita reflexão, principalmente pelo fato de que a área educacional possui muitos problemas e que diretamente vinculam-se as demais atividades sociais visto que são tais profissionais que irão atuar junto ao mercado de trabalho.
O papel da escola hoje é formar pessoas fortalecidas por seu conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocritica, solidárias com o mundo e capacitadas tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização profissional e a estes se incluem os Portadores de Necessidades Educacionais Especiais.
As escolas inclusivas devem reconhecer e responder as necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades, que devem ser mediados pelo supervisor e orientador educacional. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo caso de necessidades especiais encontrados dentro da escola. As crianças com necessidades educativas especiais devem receber qualquer suporte extra, requerido para assegurar uma educação efetiva.
  

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[1]Graduação em Pedagogia Administração Escolar, Filosofia, Sociologia e Psicologia da Aprendizagem, em pós-graduanda em Administração, Supervisão  e   Orientação Educacional pela FAMEPLAN- Faculdade Metropolitana do Planalto Norte. Rua Sen. Felipe Schmidt, 1355 - Canoinhas - S/C. E-mail: andrea_gdg@hotmail.com  
[2] Professora Orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Ludopedagogia e Literatura Aplicadas a Educação Infantil e Anos Iniciais pela FAMEPLAN- Faculdade Metropolitana do Planalto Norte.Rua Sen. Felipe Schmidt, 1355 - Canoinhas - S/C. E-mail:nilvamichelon@yahoo.com.